7 de mar. de 2016

#DAEDM — CAP.1, FELIZ DEZESSEIS

“Vamos lá, tudo bem, eu só quero me divertir... Esquecer dessa noite, ter um lugar legal pra ir...” (Trecho da canção: Teatro
dos Vampiros – Legião Urbana)


Adrenalina  hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais, cuja secreção é aumentada em situações de estresse, ansiedade, perigo ou qualquer outra que deixe o corpo em estado de alerta e pronto para reagir.

Compulsão  ato ou efeito de compelir; descontrole; realização de atividades sem premeditação e sem consciência das consequências; tendência à repetição; ação judiciária que obriga o indivíduo a comparecer em juízo.

Objetivo  diz respeito a um fim que se quer atingir, e nesse sentido é sinônimo de “alvo” tanto como fim a atingir, quanto ponto de mira de uma arma ou projétil.


Eu me chamo João Roberto de Macedo, e considero-me um “adrenálico compulsivo objetivo”. Sou conhecido por todos como Johnny, O Rei dos Pegas, e estava prestes a completar dezesseis. Na maioria das vezes, me encontrava ao lado de meus loucos amigos: Julius, César, Janjão, Trakinas, e, por fim, Vicky. Mas, a partir de agora, vou relatar onde a minha vida começou a fazer sentido...


Era uma noite como tantas outras, regada a inúmeras doses de vodca e muitas tragadas no cigarro de maconha, e o motivo de toda comemoração se dava ao fato de eu completar mais um ano de vida. Como de costume, aquela seria outra noite de loucuras incontidas, finalizada com um grande espetáculo de automotores, em uma estrada próxima à lanchonete que sempre frequentávamos.

Eu não entendia como um bairro como o nosso  em Brasília, ou seja, na capital federal do Brasil  pudesse ter tantos nomes comerciais americanizados, e só me conformava com isso porque meu apelido, de certa forma, também o era. De fato, amava o apelido que ganhara desde os meus onze anos, logo após adquirir como herança do meu pai uma de suas preciosidades: o “Opala azul metálico”.

Lembrava-me de todo final de semana, quando meu pai se dedicava integralmente com amor pela máquina da qual eu sonhava um dia me pertencer, e que, agora, era minha maior e melhor preciosidade  e, assim como ele, também me devotava com carinho ao Opala, ao qual batizara como “Trovão”.

Também foi deixado de herança para minha mãe  Lourdes Maria Macedo, mais conhecida por todos como Dona Lourdes  algumas notas promissórias para serem quitadas, que teve como consequência a venda da nossa casa, fazendo com que fôssemos morar em uma residência menor, porém, ainda confortável.

Agora éramos uma família de dois, e muitas coisas haviam mudado. Encaixávamo-nos na classe média baixa. Com muito sacrifício, empurrávamos a vida com a barriga. Minha mãe costurava dia e noite, o que nos rendia o sustento maior da casa. Eu, por outro lado, estava no segundo ano do ensino médio, do qual pouco frequentava, ainda no período da manhã.

Eu ajudava mamãe financeiramente, pois trabalhava no período da tarde na oficina mecânica do senhor “João”. Com isso, conseguia alguns trocados para o sustento da casa e, também, para minha diversão. Contudo, onde lucrava uma grana maior, era no que eu sabia fazer de melhor... Nos famosos “pegas”, ou seja, nos rachas de carros. Por fim, eles me rendiam uma ótima grana, e, assim, seguia minha existência, muitas das vezes considerada como a vida de um “rebelde sem causa”.

 Johnny... Acorda!  Vicky gritou bem próximo ao meu ouvido.

3 de mar. de 2016

#EOCEOI - CAP.1, DOCES AMARGAS LEMBRANÇAS


“O amor que você traz, me deixa solitário; 
A dor que você doa, me dá um lar.” 
(Serj Tankian – Gate 21) 


De repente eu estava ali, parada e atordoada com a cena de sempre. Uma nova discussão em família, que por sinal, parecia ser muito mais agressiva do que as outras às quais sempre presenciei. Ele gritava, esmurrava as paredes, jogava todo e qualquer tipo de objeto pelos ares e como de costume, deixava a todos em estado de alerta, pois eram aquelas pequenas discussões que acabavam fazendo com que eu fosse a maior vítima de todo aquele espetáculo de horror. Quanto aos outros? Eles sequer se preocupavam com o que poderia acontecer comigo. Na verdade, queriam apenas satisfazer o grande ego daquele ser desprezível que fui obrigada a chamar de pai durante um bom tempo. 

Tranquei-me naquele pequeno quarto, que nada mais era do que um pedaço da garagem. Eu tinha apenas doze anos, mas sabia perfeitamente qual seria o enredo daquela ensolarada manhã de domingo. Já havia passado por aquilo muitas vezes, e como sempre, sentia faltar o ar em meus pulmões, minha boca secar e meu coração acelerar de maneira surreal. Concentrei-me naquele minúsculo cubículo que eu chamava de quarto, um lugar que tentei de todas as formas, tornar tão infantil quanto a minha idade pedia, adornando-o com tonalidades claras em tons de rosa bebê e alguns apetrechos infantis, tais como, bonecas Barbies, ursinhos de pelúcia e algumas imagens de personagens em quadrinhos que tanto admirava e sonhava ser um dia.

Eram naqueles desesperados momentos de angústia, que ele sempre me vinha em mente... O único amigo que tinha e que tentava me proteger de todas as maneiras. Porém, sua proteção era quase sempre em vão, a não ser pelo conforto que me oferecia após os instantes de terror em que eu costumeiramente passava. Aliás, havia sido por intermédio dele, que consegui ter um cantinho mais apropriado para viver e uma infância e adolescência menos dolorosas.

Escutei três murros na porta, que de tão fraca, me fazia imaginar que mais dois daqueles golpes a colocariam abaixo. Ele falava em tom ameaçador e de dar arrepios em qualquer simples mortal:

 Abra essa porta agora, minha doce menina... Papai precisa de carinho neste instante. Se não abrir por bem, abrirei por mal.

Catatônica, continuei sentada no canto do cubículo, abraçada à minha boneca preferida, que ganhara do meu amigo e que batizara como She-ra, pois era uma das minhas personagens de desenho predileta. Porém, a cada novo golpe desferido junto à porta, outra ameaça. Eu apertava She-ra, mais e mais, e implorava para que ela me salvasse da situação que estava prestes a vivenciar. Em minha infantil imaginação, minha amada boneca poderia ajudar-me, mas isso só acontecia no interior de uma mente tão tola quanto a minha, porque a realidade era outra.

Após alguns segundos, um silêncio momentâneo deixou-me feliz. Entretanto, tal silêncio esvaiu-se com três novos murros na porta branca e frágil. E novamente escutei a terrível, assustadora e ameaçadora voz:

 Contarei até dez e, se minha docinho não abrir esta porta por bem, mostrarei o quão amargo posso ser.  escutei seu bufar de irritação e sua voz se fez ouvir  Papai só quer um pouco de carinho com doçura. Começarei a contar e espero que você, menina teimosa e ingrata, abra essa porta e fique bem quietinha com o papai.

A cada número contado, meu coração disparava. Ergui-me aos poucos e com as pernas bambas, rumo à porta. Eu sabia que se não o fizesse, seria pior. Então, passo a passo, segui para mais um momento assombroso.

 Um... Dois... Três... Quatro... O tempo está se esgotando docinho...  resmungou em meio à contagem  Cinco... Seis... Sete... Oito... Nove... E assim que ele terminou de pronunciar o número nove, destranquei a porta e investi com meus passos em ré, para o canto do meu cubículo.

Um odor execrável invadiu minhas narinas. Um cheiro que eu conhecia muito bem. Um misto de bebida alcoólica e cigarros baratos que me deixavam desnorteada. E aqueles olhos enfurecidos e negros que me fitavam com desejo... Tudo aquilo me causava uma repulsa infernal. Clamava em pensamento para que minha She-ra fizesse algo por mim. E ela, como sempre, não me salvou.

[Texto]: A geração de mulheres INAMORÁVEIS!

"Uma vez, em um bar ela me disse: “Neste mundo existem pessoas inamoráveis, e eu sou uma delas”


Aquilo me intrigou durante toda a noite… uma palavra fora do dicionário que ela usava para se descrever, e por quê? Observei-a enquanto tímida, finalizava mais um copo de cerveja. Eu estava com ela havia quatro horas, quatro horas onde conversamos sobre filosofia, arte, astrologia, cinema e viagens… Quando ela se dirigia ao garçom o bar inteiro parava para vê-la… Tinha seu carro, sua casa e era do tipo que não dependia de ninguém, então por que pensar assim? Teria ela se fechado?

Ela fez uma cara de entediada e me chamou para caminhar enquanto fumava um cigarro, até a saída sorriu e comprimento todo mundo com aquele jeito sapeca de menina do mundo…

Aquilo tudo era muito pequeno e raso para ela, concluí. Na rua todos passavam apressados, ela se divertia com os animais abandonados, abaixou e entregou sua garrafa de água pró morador da rua, explicou o endereço de uma balada em alemão para um estrangeiro perdido que agradeceu com um sorriso, comprou chicletes de uma criança e na minha cabeça só ecoava: inamorável…

Foram horas observando aquela garota, até não me aguentar e voltar no assunto… Eu queria entender melhor, eu queria uma definição como num dicionário. Então ela pegou minha mão e me puxou para um bar onde tocava uma banda de rock, ficou em silêncio por longos 30 minutos observando tudo até que disse:

 Olhe ao seu redor, estamos já a um tempo aqui e durante esse tempo por nós passou uma garota chorando porque seu namorado terminou com ela ontem e hoje já está com outra, pois acredita que pessoas são substituíveis… naquela mesa tem 10 pessoas e elas não conversam entre si pois estão nos seus smartphones, talvez aquela garota de vermelho seja a mulher da vida do cara de azul, mas ele nunca saberá pois é orgulhoso demais para tentar. Veja o rapaz de pólo no bar, é o terceiro copo de martini que ele toma olhando pra loira tentando chamar a atenção do vocalista que fingirá que ela não existe por causa da ruiva e da morena que ele pega em dias alternados, e ele não pode ficar mal perante as outras.

Olhe ao seu redor, não fazemos parte disso, não somos rasos, realmente não fazemos parte disso, entramos sem celular na mão, esperando encontrar pessoas legais, com papos legais, com relações reais e voltamos para casa sozinhos, somos invisíveis num mundo de status onde as pessoas não vão te querer por que você mora longe, ou por que não gostam da sua cor de cabelo ou por que você não curte os beatles, acontece tudo tão rápido que as pessoas estão com preguiça de fazer o mínimo de esforço para conhecer realmente alguém e tudo é medido em likes. Eu passo por essa legião como um fantasma pois eles estão ocupados demais para ver quem está redor enquanto procuram alguém no tinder. E eu me importo? Não mais. Sou inamoravel por que não me importo com nada disso.. Nenhum desse status, não, e importo em quanto tempo levo para conquistar a pessoa, se ela realmente vale a pena, não me importo se terei que atravessar a cidade para vê-la quando tiver saudades e não me importo se ela me presentear com um ingresso pra ir ver o show dos beatles por que é importante para ela mesmo eu detestando a banda. Por que eu sou assim, e se antes era o que procurávamos em alguém, hoje em dia somos considerados inamoraveis por manter o coração e a mente aberta.” Naquele momento eu a entendi, e me apaixonei pelo mundo dela.


Via: Solteira Sinistra 
Texto de: Akasha Lincourt

2 de mar. de 2016

[Falando em]: Dois Mundos — de Simone O. Marques

Eu sempre tive curiosidade de ler um texto da Simone O. Marques. A propósito, tenho costume de ficar em off', apenas observado o que existe no mundo literário, foi quando me deparei com algumas resenhas e quotes de seus trabalhos, o que de fato instigou-me. Portanto,  confiram a sinopse e resenha de "Dois Mundos", uma publicação da editora Butterfly.



Sinopse: Num futuro distópico, Marina é uma jovem brasileira que carrega a força e os poderes de três grandes deusas celtas. Ela é aquela que cria, acolhe e mata. Protegida por guerreiros, perseguida por mortais e desejada por deuses, precisa encontrar os míticos tesouros da Tribo de Dana se quiser salvar o que restou do mundo... Ano de 2021. A Terra está devastada e poucos são os sobreviventes. No Brasil, grupos se reúnem em pequenas vilas em torno da água potável. O oásis neste caos fica na Chapada dos Veadeiros, na Fazenda Tribo de Dana, onde vive um povo guerreiro que acredita tudo ser parte dos planos da Grande Mãe. Neste paraíso vive Marina. Considerada o avatar de três grandes deusas celtas, precisa lidar com poderes diversos de cura, vida e morte. Ao abrir o véu que separa o mundo de mortais e deuses, a jovem liberta antigas divindades. E dois domínios distintos estão prestes a colidir quando ela descobre que detém nas mãos o destino da humanidade. 




"Porque ser o receptáculo pode ser assustador..."






Mágico! 
Encantador! 
Sensacional!

Não sei se vou me expressar direito, pois sou acostumada a ler outro gênero, mais especificamente drama/romance. No entanto, eis a afirmativa: sair da zona de conforto pode ser muito prazeroso. Pois bem, agora terei outros olhos para enredos do gênero fantasia.  

Trata-se de uma distopia fantástica, onde o personagem central é Marina (um avatar/deusa), que foi destinada a salvar o mundo... Ela tem que ser treinada para ser o receptáculo que receberá três deusas. Contudo, aos treze anos, quando descobre isso, não aceita o seu destino, deixando de receber o devido treinamento. Ela mora em uma reserva particular com o pai, as irmãs, os druidas e também com os 'guerreiros de Dana' (esse é o seu nome como deusa), que são guerreiros destinados à protegê-la.

Mas, então, aconteceu o que acredito ser o pior momento da minha vida até hoje; O chão estremeceu quando aquele exército se aproximou da fazenda. Era formado por pessoas que acreditavam que sua fé estava por um fio, que seu deus estava sendo desafiado e que Marina era a reapresentação do anticristo e por isso precisava ser destruída. Eles vieram para matá-la, talvez queimá-la, como a Inquisição fez por tantos séculos. Eram tantos... E eu cheguei a pensar que estaria tudo perdido, para todos nós. (Livro: Dois Mundos, Pág.11)
O mundo está destruído e todos vivem de forma reclusa, deparando-se com coisas estranhas. Porém, todos já estão habituados com tamanha estranheza, e passam o dia reclusa e atentamente tentando sobreviver. As pessoas que conseguem ter um pouco mais de conforto e segurança são aquelas que têm algum poder, digo financeiramente ou com ofícios importantes, mesmo que isso não faça mais sentido, afinal, eis um mundo destruído.

Marina agora tem dezessete anos e vive em lugar chamado "Fazenda Tribo de Dana", onde é rodeada e respeitada por todos, especialmente pela proteção de Brian, que é nada menos que o seu "Sombra" (o guardião particular), que fica o tempo todo vigiando-a, o que a deixa furiosa, pois até os treze anos, quando tudo aconteceu, ela desfrutara de uma vida normal e com liberdade. Muitas vezes ela bate de frente com ele, que por sua vez, a observa com outros olhos. Afinal, ela é a deusa Dana e todos (até mesmo ele), deve enxergá-la com respeito e sequer pode cogitar qualquer outro tipo de sentimento que não seja proteção, respeito e reverência. Eis que com sua teimosia, ela discorda das orientações de Brian, e ambos caem em um outro mundo, levando ao lado dos dois outro guardião (amigo de Brian), chamado Artur.
 Acho que nossa prioridade é procurar o caminho de casa.  Brian falou determinado.
Marina não disse nada, mas, para ela, a prioridade agora era encontrar o tal tesouro e não correr o risco de que seu sonho tornasse realidade.


Os três ficaram em silêncio por um tempo, só ouvindo o som forte da chuva e observando o gotejar nas poças que se formavam no chão de terra, que agora era um verdadeiro lamaçal.


 Brian...  Marina o olhou com os olhos brilhando.  Obrigada por retirar o veneno...  falou e encostou a cabeça no ombro dele, segurando em seu braço. Brian ficou vermelho e sorriu, mas viu o olhar de Artur o alertando mais uma vez para o perigo daquela aproximação, o que não conseguiu acalmar seu coração disparado. (Livro: Dois Mundos, Páginas 115 e 116)


Ela teve um sonho onde foi revelado o terrível futuro de todos, inclusive parte de sua família que sobreviveu, o que guarda para si e acaba não revelando aos dois guardiões que a acompanha. Neste sonho, ainda no outro mundo, ela tem que procurar por um tesouro que será a salvação de todos. Desta forma, segue contra as orientações de Brian. No entanto, durante as tantas aventuras que os três passam para sobreviver e mesmo destreinada, ela passa a seguir com sua intuição, descobrindo coisas e alertando tantas outras. O tempo passa e cada vez mais ela fica íntima dos seus dois acompanhantes, é claro que com Brian de forma mais intensa, pois se sente atraída por ele, o que faz com que eles tenham uma conexão mais verdadeira e proibida.

 A jovem é apenas um casulo. E não vai impedir que a Deusa se manifeste quando precisar. Espero que entenda isso quando o casulo tiver que se romper de vez, Brian. Não coloque em risco sua lealdade a Dana por causa de uma garota bonita e quebradiça  o deus ferreiro disse e se virou saindo do salão. (Livro: Dois Mundos, Pág.194)
Além de tudo que Marina está passando, há outro contratempo... Ela tem constantes sonhos intercalados onde fala com Pedro, que transparece ser um humano qualquer, mas na verdade Ele é um oráculo. Aliás, por uma vez (anos atrás), no meio de toda conturbação, ambos estiveram frente a frente. Paulo, que assim como todos, vive de forma reclusa é avisado em um dos sonhos que Marina está em grande risco. Desta forma, sai às pressas e a procura dela. E nessa procura ele se depara com Liban, que é uma garota/mulher tão especial e importante quanto ele. Agora cesso os comentários para não soltar spoilers.

Eu realmente vou tentar me expressar da melhor forma, pois fiquei deveras entorpecida. Foi uma leitura que me prendeu do início ao fim, me teletransportando para dentro do enredo, e por vezes peguei-me afoita para saber como seguiria o enredo, com uma trama envolvente e bem amarrada, além de adornada com muitas aventuras. A autora soube conduzir a história de forma magistral, o que me fez ter certeza do quão entendedora do assunto és, pois só uma pessoa que entende do assunto conduziria o enredo da forma que foi conduzida. Eu torci para que os três (Marina, Brian e Artur), conseguissem escapar dos contratempos, e por todo tempo me encantei com a relação de proteção entre Brian e Marina. Os capítulos finais foram de perder o fôlego e deixou-me ainda mais conectada com a história. E o fim, pelo amor dos deuses... Fez-me questionar como a autora fez aquilo, deixando-me numa baita expectativa para sua continuação. Eu simplesmente AMEI! E desde já, afirmo:  Eu leio até mesmo a lista de compras da Simone... Sou sua mais nova fã. \o 

O enredo é narrado em terceira pessoa, com narrativa e diálogos de fácil compreensão; a diagramação está perfeita, com espaçamentos e fontes na medida certa, envolta em papel pólen (o amarelinho), levando a cada início de capítulo a imagem de uma floresta sombria, além do lindo mapa que encontramos antes mesmo de iniciar a leitura; sua capa é divina, estampando Marina defronte àquele mundo que tanto insisti se distanciar. Por fim, para quem curte uma trama muito bem escrita e desenvolvida, entorpecedoramente deliciosa de ser ler, eis uma magnífica pedida. \o/\o/\o/ 


Livro: Dois Mundos, Tesouros da Tribo de Dana #Livro1
Autora: Simone O. Marques
Gênero: Fantasia/Romance
Editora: Butterfly
Ano: 2016
Páginas: 256

[Texto]: Eu sou um mito, por Joyce Xavier

Eu sou o conteúdo salvo da embalagem danificada e sou a configuração de uma vida complicada. Eu sou a destruição de uma história mal contada e sou o fogo do meu próprio incêndio. Eu sou a ilusão para os meus próprios sonhos, eu sou vista como um engano e quase fui morta num aborto. Eu sou o azul mais lindo do céu e com ao cair de noite eu sou a estrela que mais brilha no escuro. Eu sou uma realidade inventada e sou uma fantasia com várias asas. Eu sou o mundo e não tenho existência. Eu sou a carência de uma mulher e a fortaleza de um homem. Eu sou tenho uma doença na alma e encontro à cura na escrita. Eu sou a procura do meu próprio esclarecimento, eu tenho dias de tormentos e muita culpa em meus sentimentos. Eu sou um rio de lágrimas feridas e sou o sol que contagia os dias. Eu fui tudo o que eu não queria ser, me junto nos escombros ao tentar me fortalecer. Eu sou os passos alcoolizados, eu sou o sangue da minha própria dor. Eu sou as folhas que caem com o vento e sou o fruto de um belo crescimento. Eu não sou ninguém, eu sou uma carta sem remetente, extraviei-me e viajei para o destinatário errado. Eu não existo, eu sou única, eu sou estranha, eu não me entendo... Eu sou um mito.

Por: Joyce Xavier