1 de nov. de 2018

[Falando em]: A VIDA POR OUTROS OLHOS, HISTÓRIAS DE QUEM VIVENCIOU O CÂNCER INFANTIL — de Rayanne Santos

Eu pensei muito se leria ou não esse e-book, pois trata-se de algo que toca o meu âmago, afinal, sou uma paciente em remissão e sei bem os dissabores que essa cruel doença nos traz. Agora convido a todos para conferir a sinopse e o que eu achei de  "A VIDA POR OUTROS OLHOS, HISTÓRIAS DE QUEM JÁ VIVENCIOU O CÂNCER INFANTIL", obra de Rayanne Santos, uma publicação independente. 


Sinopse: Quatro crianças. Quatro vidas diferentes. Um mesmo desafio: vencer o câncer infantil. Lutar contra o diagnóstico é um desafio que envolve a saúde física, emocional e psicológica de quem recebeu um resultado que é desesperador. Aqui estão histórias de vidas que podem ser diferentes, mas se unem no mesmo ponto: vencer e continuar vivendo. Pietro, Nicolas, Rafaela e Manuela são crianças que fariam tudo o que qualquer criança normal poderia fazer, mas todos precisaram aprender desde pequenos, que viver significa muito mais do que estar vivo. Neste livro você encontrará quatro histórias narradas por mães  e duas adolescentes  de como é vivenciar o diagnóstico do câncer infantil. Conheça através de pessoas comuns as lutas, superações e experiências que marcaram toda uma vida. 


"Porque é na dor que nos enchemos de esperança..."




 

Um conglomerado de relatos emocionantes!

Trata-se de um trabalho acadêmico que tornou-se uma injeção de realidade, um livro onde é apresentada as histórias de quatro crianças que receberam o diagnóstico de câncer. Os nomes foram alterados, a fim de manter a privacidade de todos. Abaixo deixarei quatro quotes (um de cada mãe/paciente) e, em seguida, o que eu achei dessa leitura.
Onde ele buscava tantas forças que eu não sabia? A vida é mesmo cheia de surpresa. Eu, adulta, sentia-me tão exposta, tão vulnerável, enquanto ele, uma criança era tão cheio de vida, tão forte e alegre. Não sei o que se passa na cabeça de uma criança que sofre com a doença, mas uma mãe sente que não suporta ver o filho sofrer, mesmo que ele diga que está tudo bem. (Narrado por Isabel, mãe de Pietro, diagnosticado com leucemia e que veio a óbito aos doze anos)
Hoje, quando vou dormir e acordo, o que penso é que meu filho está bem. Deus já o curou e daqui alguns dias, anos, eu vou contar para os filhos dele, para os meus netos. Eu só penso isso, não penso em coisa ruins, até porque o meu filho não passa esse sentimento. (Narrado por Márcia, mãe de Nicolas, diagnosticado com leucemia e ainda em tratamento).
De tudo isso, a parte que nos sustenta é Deus e a força que a nossa filha nos passa. Quando precisei passar pelo meu diagnóstico, ela me disse que tudo daria certo, que era preciso ter fé em Deus. (Narrado por Eliane, mãe de Rafaela, diagnosticada com câncer de ovário e pulmão, agora em remissão e acompanhamento)
Quando um adulto passa por uma situação dessa, ele entra em depressão, as crianças sofrem, mas com pouco tempo já estão jogando bola, brincando de boneca e com a minha filha também foi assim. Diante de tudo o que passei, a cada dormir e levantar eu só pedia a Deus que ela resistisse. (Narrado por Lilian, mãe de Manuela, diagnosticada com leucemia, agora em remissão).
(clique na imagem para maior resolução)

Falar sobre esse tema é algo extremamente doloroso, pois, aos vinte anos, descobri um linfoma de hodgkin maligno (entre pulmão e coração), e por mais de um ano me tratei. Talvez por esse motivo senti na pele os relatos. Independente da idade, o câncer é uma doença terrível, mas creio que para uma criança é algo mais aterrorizante. Eu sei disso porque estive por diversas vezes na oncologia pediátrica, e pensar que para mim já era uma situação difícil, quem dirá para uma criança. No final é o mesmo resultado: medo, dor, dissabor, tal quanto a esperança e a fé.  É nisso que temos que nos agarrar.

Ao ler esse relatos me senti num turbilhão de sentimentos, como se estivesse vivendo tudo novamente... Em especial o relato da mãe de Pietro, que, infelizmente, veio a óbito. Lembrei-me de amigos que tive ao meu lado (na época do tratamento), e que também não conseguiram vencer a doença. Ainda hoje me questiono o porquê de ter tido o privilégio de me curar, enquanto tantos outros não tiveram essa mesma chance. E é nesse instante, quando começo a me questionar, que agradeço a Deus por ter me dado essa oportunidade. É difícil. É revoltante. Mas é assim que devemos enfrentar: com fé e esperança. Parabéns a autora pelo trabalho, e a todas as pessoas que já passaram ou estão passando por isso, desejo muito determinação e fé. Que Deus os abençoem e faça desta etapa uma forma de enxergarmos melhor as coisas e, por fim, de agradecermos pela vida.

Os relatos são narrados em primeira pessoa; a diagramação está excelente, no padrão digital; e a capa é recheada de esperança, com a sombra de uma criança e seus artefatos diários.


Livro: A VIDA POR OUTROS OLHOS, HISTÓRIAS DE QUEM VIVENCIOU O CÂNCER INFANTIL
Autora: Rayanne Santos
Gênero: Não-Ficção / Biográfico
Publicação  Independente
Ano: 2017
Páginas: 76

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