O engraçado é que todos os textos de gênero mencionam que devemos ter cuidado com o uso demasiado do advérbio. Lembro com clareza de um artigo em particular, o autor dizia que simplesmente desistia de textos carregados do dito cujo advérbio.
A princípio ignorei, afinal, qual é o problema? O advérbio nunca fez nada a ninguém. Certo?
Bom, segui em frente aplicando todas as dicas possíveis e deixando essa de lado. Na minha cabeça tratava-se de um caso de preconceito linguístico. (Pura ingenuidade)
Depois de um tempo, me dei por vencida. Comecei a enxugar os advérbios terminados em -mente, uso esse termo por que é isso mesmo que faço, eu enxugo os advérbios na revisão. Por que na revisão? Bom, é simples, quando as palavras invadem minha mente de forma torrencial, eu quero passá-las logo para o papel, preciso registrar antes que a inspiração se vá. Depois volto substituindo, aprimorando e aprofundando.
Nesse processo, percebi que ao substituir os advérbios terminados em "mente" o trecho ficava mais elaborado e a qualidade melhorava.
Vou dar exemplos:
“Disse animadamente” = “disse, um sorriso se insinuou nos cantos de sua boca e seu corpo estremeceu, enchendo-se de expectativas”.
“Saiu decididamente” = “e sumiu do quarto, batendo a porta atrás dele”.
A verdade: o advérbio é mais fácil, prático. Ao mesmo tempo, também é uma forma muito pobre de descrever algumas situações. Quando optamos pelo caminho mais fácil, perdemos a oportunidade de escrever com elegância.
Percebe como o advérbio pode virar vilão? Aprendi que ele nos deixa um tanto preguiçosos.
O que acham?
[Artigo via]: Vivi Peixoto - Escritora
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