27 de set. de 2017

CARTA DE UM SUICIDA EM POTENCIAL

Neste momento estou no quarto, sentada na cama com as pernas cruzadas. Hoje é mais um domingo ensolarado. Um travesseiro está sobre as minhas pernas, e como apoio (sobre o travesseiro), jaz um livro. Eu preciso escrever essas palavras... Ter um blog não é sinônimo de escrever o que se sente, principalmente quando suas declarações afetará outrem. Mas hoje permito-me quebrar as regras. Logo menos completarei 1 aninho. SIM, você leu certo. Deixe-me explicar... Está próximo o meu primeiro ano de tratamento psiquiátrico, ingerindo uma quantidade adversa de drogas para controlar minha depressão, ansiedade  e o pior, minha fobia, o que me impossibilita sair de casa. 
"Parabéns pra mim!" \o/\o/\o/
Eu consegui passar a primeira fase do jogo: aumentando e diminuindo as doses diárias de remédios, intoxicando-me e permanecendo numa lucidez demente, com dias bons e ruins. E o melhor disso é que não estou atacando mais verbal (e ofensivamente) quem eu amo. Bom, há alguns deslizes nesse quesito, mas estou me esforçando ao máximo. Deus! Estou com uma vontade louca de colocar tudo pra fora, mas o medo e a ansiedade me bloqueiam, o que me faz ter certeza do quão estou apenas sobrevivendo. Eu não quero sobreviver. EU QUERO É VIVER!

Não sou a mesma há anos, e me desculpe por não saber responder o que ocasionou isso: acho que juntei uns caquinhos de lá, outros caquinhos de cá, e meu aglomerado de acúmulos tornou-se uma bomba, afetando até mesmo a minha lucidez. E se tiver de prosseguir com as consultas psiquiátricas para ficar boa, voltando pra casa com a bolsa cheia de remédios, prefiro bater o martelo, concretizando a minha sentença, aquela que há tempos determino. 

EU NÃO QUERO CONTINUAR NESSE GAME OVER DE VIDA! Sei que se fizer o que tanto penso, a fim de aliviar a dor, vou desapontar minha família. E isso, a meu ver, é a pior sentença que se pode ter. 

Estou trêmula.
E com o coração descompassado.
Estou com falta de ar.
E com vontade de chorar.

Já volto!
Vou tomar mais uma dose de sossega-leão.

CARALHO, ISSO NÃO É VIDA!!!

A propósito, não é nada fácil escutar corriqueiramente: 
É só uma fase ruim! Isso vai passar.
GAME OVER PARA TODOS!
GAME OVER PARA MIM!

Eu não quero continuar esse desabafo, pois me sinto mais perdedora. Não quero continuar a pensar que pouco me importa se já passou mais um dia. Se eu pudesse mudar o curso de tudo, quer dizer, eu até posso, mas o medo de desapontar quem eu amo é maior. 

Quando tudo acabar, não sei se irei para o céu ou para o inferno. Em verdade, penso que Deus e o Diabo não me aguentariam por perto. Eu não me sinto digna do céu, tampouco estou preparada para o inferno. Sendo assim, continuarei com falta de ar e trêmula, tentando acalmar a dor lancinante, sorrindo e fingindo alegria. 

EU NÃO QUERO ISSO!
GAME OVER!
PLAY NOW!

[Desabafo do pseudônimo literário]: Alessandra Toledo
[Escrito em]: 24/09/2017

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