Você sempre brilha nos meus olhos, moço. Quando teu nome sai sem querer dos meus lábios ou quando os pensamentos não são mais meus e passam a pertencer a ti. E o sorriso dança bobo no canto da boca, desfazendo meu cuidado em não deixar transparecer. Minto, o cuidado de deixar transparecer pouco. É como comento, moço, com você eu me perdi já no oi e não foi tão difícil me entregar por inteira, me envolver toda. Você não precisava ser tão você que ainda sim eu me vestiria toda tua e seria fácil, tanto quanto é.
Piegas. Dou um jeito de me apaixonar por você todo dia, moço. Permita que eu me apaixone todo dia e me dê mil motivos para continuar me apaixonando. Vê o lado bom, moço? Não há segredos nem fórmulas certas para que você continue acertando sempre, você só precisa ser você mesmo, não perder a piada nem esquecer as poesias. No mais, a gente se inventa. Se veste, se colore, pinta e borda. E eu vou me satisfazendo de você, sem nunca me saciar por completo. O tempo é sempre pouco quando te tenho perto e não conheço o rosto da vontade de ir embora. E nem quero.
Tudo bem moço, pode vir você com a tua sina de não dar audiência para as minhas linhas, mas não há nada aqui que não tenha sido dito. Por mais que as palavras se estanquem na garganta e o silêncio predomine, há um bocado de tranquilidade entre a gente que diz mais do que a fala realmente seria capaz. E… quer saber? Nem me arrisco dizer. Traduzir. Só permito transparecer, moço, do jeito manco que sei fazer. E fico. E carrego uma expectativa mansa de que baste, de que você veja e que você permita que eu te carregue nos olhos, moço, para te prender quando o medo der tchau da porta e para me acompanhar quando vou me abraçar nos sonhos…
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