Certa vez alguém disse que o órgão do amor não é o coração e sim o estômago, mas quem leva a fama está no peito. Todo sentimento desemboca abaixo do tórax, com um aperto, um enjoo ou simplesmente com aquela deliciosa sensação de um suspiro gelado, o chamado frio na barriga.
Nada encanta mais do que o frescor de se descobrir fisgado, inerte, absorto em pensamentos agora batizados com o nome dela. E a cada espera por um novo encontro, a adrenalina caminha por cada veia, passeia pelo corpo e deságua no inverno estomacal. Depois reflete na pele, no suor implorando pela pele alheia. A ansiedade por surpreender, a expectativa por rever, o medo de se decepcionar. Tudo reside ali, onde alcançamos nossas mãos sem esforço na tentativa de respirar melhor, de suprir um ar ausente, que falta porém vicia. Como é bom esse afogo. Esse afago no ego. Essa ilusão de ser feliz na próxima Lua.
Estar apaixonado remete a uma primavera sentimental, às flores no jardim do amor, ao sol que brilha sem queimar, que ilumina um caminho a dois. Um colorido da vida coberto de férias na rotina. Por conta desse cenário, dessa vulnerabilidade quase que sorridente, sentimos passear borboletas em nosso estômago. Batendo asas freneticamente, cruzando com outras borboletas entre si. Cores, brilho, renascimento. É quando sentimos que o amor saiu do casulo, se reinventou pra poder voar. É a forma que a natureza encontrou para nos informar que a estação do sentimento mudou. A paixão chegou.
Seja no ardor de um sorriso, ou mesmo na dor no abandono, o estômago é nosso principal informante. Aliado e inimigo, termômetro do nosso estado emocional. O coração bate e comanda tudo do seu jeito, coordena nossos atos insanos em desacerto com o cérebro. Ele manda, administra tudo que sentimos e o estômago é quem paga a conta. Mas também é nele que as borboletas moram.
Borboletas no estômago é descobrir uma nova maneira de respirar, de sentir que algo se modificou. É o embrião das asas do amor.
[Via]: Crônicas do Chico
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