24 de jan. de 2018

“All Your Perfects” — Capítulo 1

Uma amiga me marcou numa postagem com o primeiro capítulo de "All Your Perfects", livro da diva-mor Colleen Hoover. A obra será lançada no segundo semestre de 2018. Se eu surtei?! SIM, EU SURTEI! E por esse motivo estou postando o primeiro capítulo aqui, é claro que com o devido crédito. Vem junto conferir!!! 💘💘💘





Depois... 



O porteiro não sorriu para mim. 

Esse pensamento me atormenta durante a viagem inteira de elevador para o andar de Ethan. Vincent tem sido meu porteiro favorito desde que Ethan se mudou para este prédio. Ele sempre sorri e conversa comigo. Mas hoje, ele simplesmente manteve a porta aberta com uma expressão estoica. Nem mesmo um “Olá, Quinn. Como foi de viagem?” 

Acho que todos temos dias ruins. 

Eu olho para o meu celular e vejo que já passa das sete. Ethan deve chegar às oito, então terei tempo suficiente para surpreendê-lo com um jantar. E comigo. Eu retornei um dia antes, mas decidi não contar para ele. Temos feito tantos planos para o nosso casamento; faz algumas semanas desde que tivemos uma verdadeira refeição caseira. Ou até mesmo sexo. 

Quando chego ao andar de Ethan, eu pauso assim que saio do elevador. Há um cara andando de um lado para o outro do corredor, de frente para a porta do apartamento de Ethan. Ele dá três passos, para e olha para a porta. Ele dá outros três passos na outra direção e para de novo. Eu o observo, esperando que ele vá embora, mas ele não vai nunca. Ele continua andando de um lado para o outro, olhando para a porta de Ethan. Não acho que ele seja amigo dele. Eu o reconheceria se fosse. 

Eu caminho em direção ao apartamento de Ethan e pigarreio. O cara me olha e eu aponto para a porta indicando que preciso passar. O homem se afasta e abre espaço para mim, mas tomo cuidado para não fazer contato visual com ele. Eu procuro minha chave na bolsa. Quando a encontro, ele se move do meu lado, pressionando a mão na porta. “Você vai entrar aí?” 

Eu olho para ele e depois, para a porta de Ethan. Por que ele está me perguntando isso? O meu coração começa a acelerar com o pensamento de estar sozinha em um corredor com um homem estranho que está se perguntando se estou prestes a abrir a porta de um apartamento vazio. Será que ele sabe que Ethan não está em casa? Será que ele sabe que estou sozinha? 

Eu pigarreio e tento esconder meu medo, ainda que o cara pareça ser inofensivo. Mas acho que maldade não tem cara, então é difícil julgar. “O meu noivo mora aqui. Ele está lá dentro,” eu minto. 

O homem acena vigorosamente. “É. Ele está lá dentro.” Seu punho se fecha e ele bate na parede ao lado da porta. “Lá dentro com a porra da minha namorada.” 

Uma vez, eu tive aula de defesa pessoal. O instrutor nos ensinou a deslizar a chave entre os nossos dedos, empurrando-a para fora, assim, se você for atacado, você pode apunhalar o agressor no olho. Eu faço isso, preparada para que o psicopata diante de mim parta para cima a qualquer momento. 

Ele bufou, e eu não pude deixar de notar que o ar entre nós encheu-se de um aroma de canela. Que pensamento estranho para se ter no momento antes de eu ser atacada. Seria um repertório esquisito na delegacia. “Ah, eu realmente não consigo dizer o que o meu agressor estava vestindo, mas seu hálito tinha um cheiro bom. Tipo, Big Red.” 

“Você está no apartamento errado,” eu digo a ele, esperando que ele vá embora sem argumentar. 

Ele balança a cabeça. Minúsculos movimentos que indicavam que eu não poderia estar mais errada e ele não poderia estar mais certo. “Eu estou no apartamento certo. Tenho certeza. O seu noivo dirige um Volvo azul?” 


Okay, então ele está perseguindo Ethan? Minha boca está seca. Água seria bacana. 

“Ele tem um metro e oitenta de altura? Cabelo escuro, usa uma jaqueta da North Face que é grande demais para ele?” 

Eu aperto a mão contra meu estômago. Vodca seria bacana. 

“O seu noivo trabalha para o Dr. Van Kemp?” 

Agora sou eu quem está balançando a cabeça. Ethan não só trabalha para o Dr. Van Kemp... seu pai é o Dr. Van Kemp. Como esse cara sabe tanto da vida de Ethan? “

A minha namorada trabalha com ele,” ele diz, olhando para a porta do apartamento com nojo. “Mais do que trabalha para ele, aparentemente.” 

“Ethan não...” 

Sou interrompida. Porra. 

Ouço o nome de Ethan ser chamado por uma fraca voz. Pelo menos está fraca desse lado da porta. O quarto de Ethan fica do lado mais distante do apartamento, o que indica que quem quer que seja, ela não está sendo silenciosa. Ela está gritando seu nome. 


Enquanto ele transa com ela. 

Eu imediatamente me afasto da porta. A verdade do que está acontecendo dentro do apartamento de Ethan me deixa tonta. Deixa todo o meu mundo instável. O meu passado, meu presente, meu futuro  tudo girando fora de controle. O cara segura meu braço e me estabiliza. “Você está bem?” Ele me apoia contra a parede. “Desculpa. Eu não devia ter falado tudo assim.” 

Eu abro minha boca, mas incerteza é a única coisa que vem à tona. “Você tem... você tem certeza? Talvez aqueles ruídos não estivessem vindo do apartamento de Ethan. Talvez seja o casal do apartamento ao lado.” 

“É conveniente. O vizinho de Ethan também se chama Ethan?” 

É uma pergunta sarcástica, mas eu imediatamente vejo arrependimento em seus olhos. É legal da parte dele  sentir compaixão por mim quando ele está, obviamente, passando pela mesma situação. “Eu os segui,” ele diz. “Eles estão aí juntos. A minha namorada e o seu... namorado.” 

“Noivo,” eu corrijo. 

Eu caminho pelo corredor e me encosto à parede, por fim deslizando até o chão. Eu provavelmente não deveria me jogar no chão já que estou usando saia. Ethan gosta de saias, por isso pensei que seria legal usar uma para ele, mas agora eu quero arrancar minha saia, amarrar ao redor do pescoço dele e sufocá-lo com ela. Eu encaro meus sapatos por um longo tempo, sem perceber que o cara está sentando no chão ao meu lado, até que ele diz, “Ele está te esperando?” 

Eu balanço a cabeça. “Eu estava aqui para surpreendê-lo. Estive fora da cidade com minha irmã.” 

Outro grito abafado passa pela porta. O cara ao meu lado se encolhe e cobre os ouvidos. Eu cubro os meus também. Ficamos sentados assim por um tempo. Os dois se recusando a permitir que os ruídos penetrem nossos ouvidos até que acabem. Não irá durar muito mais. Ethan não consegue mais do que alguns minutos. 

Dois minutos depois eu digo, “Acho que eles terminaram.” O sujeito tira suas mãos dos ouvidos e descansa os braços sobre os joelhos. Eu envolvo os braços ao redor dos meus, apoiando o queixo neles. “Deveríamos usar minha chave para abrir a porta? Confrontá-los?” 

“Não consigo,” ele diz. “Eu preciso me acalmar primeiro.” 

Ele parece bastante calmo. A maioria dos homens que conheço já teria derrubado a porta. 

Nem eu tenho certeza se quero confrontar Ethan. Uma parte de mim quer ir embora e fingir que os últimos minutos não aconteceram. Eu poderia enviar uma mensagem para ele e dizer que cheguei em casa mais cedo e ele poderia me dizer que estava trabalhando até mais tarde e eu poderia continuar alegremente ignorante. 

Ou eu poderia apenas ir para casa, queimar todas as suas coisas, vender o meu vestido de casamento e bloquear seu número. 

Não, minha mãe nunca permitiria isso. 

Ah, Deus. Minha mãe. 

Eu solto um gemido e o cara imediatamente senta-se direito. “Você está passando mal?” 

Eu balanço minha cabeça. “Não. Eu não sei.” Eu afasto minha cabeça de meus braços e me inclino contra a parede. “Acabou de me ocorrer o quão irritada minha mãe vai ficar.” 

Ele relaxa quando vê que não estou lamentando por estar passando mal, mas pelo medo da reação da minha mãe quando ela descobrir que o casamento está acabado. Porque está definitivamente acabado. Eu perdi as contas de quantas vezes ela mencionou que o depósito estava em ordem para que entrássemos na lista de espera do local. “Você tem noção de quantas pessoas desejavam poder se casar no Douglas Whimberly Plaza? Evelyn Bradbury casou-se lá, Quinn. Evelyn Bradbury!” 

A minha mãe ama me comparar a Evelyn Bradbury. Sua família é uma das poucas em Greenwich que é mais influente do que meu padrasto. Então é claro que minha mãe usa Evelyn Bradbury como um exemplo de perfeição da classe alta a cada oportunidade. Eu não me importo com Evelyn Bradbury. Eu queria mandar uma mensagem para minha mãe neste momento e simplesmente dizer, “O casamento está acabado e eu não estou nem aí para Evelyn Bradbury.” 

“Qual é o seu nome?” o cara pergunta. 

Eu olho para ele e percebo que essa é a primeira vez que eu realmente reparo nele. Esse deve ser um dos piores momentos de sua vida, e mesmo levando isso em consideração, ele é extremamente bonito. Expressivos olhos castanhos escuros que combinam com seu cabelo desarrumado. Um forte maxilar que tem se contraído constantemente com a raiva silenciosa desde que saí do elevador. Dois fartos lábios que continuam sendo pressionados e apertados toda vez que ele olha para a porta. Isso me faz imaginar se seus traços pareceriam mais suaves se sua namorada não estivesse com Ethan agora. 

Há algo de triste nele. Nada relacionado à situação atual. É algo mais profundo... como se estivesse incorporado nele. Já conheci pessoas que sorriem com os olhos, mas ele franze com os seus. 

“Você é mais bonito que Ethan.” O meu comentário o pega de surpresa. Sua expressão é devorada por confusão porque ele acha que estou dando em cima dele. Essa é a última coisa que eu faria neste momento. “Isso não foi um elogio. Foi apenas uma constatação.” 

Ele dá de ombros como se não se importasse. 

"É só que se você é mais bonito do que Ethan, isso me faz pensar que sua namorada é mais bonita do que eu. Não que eu me importe. Talvez eu me importe. Eu não deveria me importar, mas não posso evitar. Mas me pergunto se Ethan sente mais atração por ela do que por mim. Eu me pergunto se é por isso que ele está me traindo. Provavelmente. Eu sinto muito. Normalmente não sou tão autodepreciativa, mas estou tão irritada e, por algum motivo, não consigo parar de falar.” 

Ele me olha por um momento, contemplando minha estranha linha de pensamento. 

“Sasha é feia. Você não tem com que se preocupar.” 

“Sasha?” eu digo seu nome com incredulidade, então o repito, enfatizando o ‘sha.’ “Sasha. Isso explica muito.” 

Ele ri e então eu rio e é a coisa mais estranha. Rir quando eu deveria estar chorando. Por que eu não estou chorando? 

“Eu sou Graham,” ele diz, estendendo a mão. 

“Quinn.” 

Até o seu sorriso é triste. Isso me faz pensar se seu sorriso seria diferente em circunstâncias diferentes. 

“Eu diria que é um prazer conhecê-la, Quinn, mas este é o pior momento da minha vida.” 

Essa é uma verdade muito miserável. “Igualmente,” eu digo, desapontada. “Embora eu esteja aliviada por estar te conhecendo agora em vez de no próximo mês, depois do casamento. Pelo menos não estarei desperdiçando votos matrimoniais.” 

“Você deveria se casar no próximo mês?” Graham desvia o olhar. “Que idiota,” ele diz calmamente. 

“Ele é mesmo.” Eu sabia disso o tempo todo. Ele é um idiota. Pretensioso. Mas é bom para mim. Ou era isso o que eu pensava. Eu me inclino para frente novamente e passo minhas mãos pelo meu cabelo. “Deus, que droga.” 

Como sempre, minha mãe encontra o momento perfeito para enviar mensagens. Eu pego meu celular e olho para ele: 

“A prova do bolo foi transferida para às duas horas no sábado. Não almoce. Ethan irá conosco?” . 


[Via facebook]: UGLY LOVE BR

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