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Quando um autor inicia sua carreira literária, experimenta uma sensação de busca e ao mesmo tempo, descaminho. Para alguns, a minoria dos novos artistas e maioria dos que chegam a algum lugar, sempre existe alguém que possa facilitar a entrada no mundo editorial; e não necessariamente se leva em conta a qualidade ou conteúdo dos textos, às vezes é a simples menção de um nome e o que ele fala àquela realidade. Para outros, que não têm a quem recorrer, o caminho é longo e sinuoso. Empreende-se muito e o retorno é quase invisível (e não se trata de retorno financeiro, porque a princípio, em regra, ele não existe e o que se busca é divulgar o trabalho). Entre os inúmeros desafios destacam-se as dificuldades para se obter um contrato de edição e os altos custos que demanda uma publicação independente.
Mas embora tudo pareça inviável, o desejo de ser lido não conhece dimensões e chega um tempo em que as obras já não se contentam em viver silentes, falam por si mesmas.
É uma voz incessante, intensa; o som de frases filosóficas, apaixonadas, realistas ou simplesmente frases, com histórias que nascem interiormente e buscam títulos e personalidades marcantes. Não é propriamente uma pretensão de fama, mas de ter algo a mostrar, a ser dito. E também de rebeldia diante das portas fechadas. E é assim que os textos ganham a esquina. Pode ser numa impressão simples ou mesmo sofisticada. Pode ser ainda na versão virtual. (Trecho do meu artigo: Direitos autorais: o novo autor e a lei 9.610/98).
Escrever/publicar/ser lido é uma longa trajetória. Não termina na publicação, na impressão. Não é só a arte de colocar o texto no papel ou no monitor. Se debruçar horas e horas sobre o livro para esmerar a narrativa. Existem etapas como a revisão de texto, ISBN, código de barras, ficha catalográfica, diagramação e finalmente os custos de impressão. E depois disso tudo começa o dilema da distribuição: como chegar ao leitor? E nessa etapa nasce um drama para o autor nacional.
Esta humilde autora que agora vos fala saiu para tentar distribuir seus livros em livrarias da cidade de Belo Horizonte semana passada e aprendeu que mesmo as pequenas livrarias de rua não revendem obras de autores independentes/novos autores. Além disso, nem precisamos sonhar com as distribuidoras que hoje, assim como as livrarias, só negociam com editoras.
Desde que comecei a escrever precisei recorrer a outros estados para publicar meus textos. Meu único canal por tempos e tempos foi a internet. Em Belo Horizonte foi o lugar que menos consegui possibilidades até hoje. E até lançar um livro aqui fica difícil porque as entidades culturais que deveriam ser uma ferramenta do artista local só abrem as portas para o que querem. Para quem chama a atenção da mídia certamente não falta espaço.
E-mails sem respostas, meios de comunicação com propostas caríssimas de divulgação e um grande preconceito em relação ao que se desconhece são algumas das dificuldades rotineiras para quem optou por publicar seus livros sem um selo editorial.
Mas quem escreve por vocação não desiste. Existe toda uma construção ali. Um envolvimento. Uma expectativa sobre o enredo. Ver nosso texto ganhar corpo é algo que vai além de explicação. É paixão. É discutir com esse limite que se chama impossível. Não dá pra aceitar o não e basta, porque a única opinião que conta é a do leitor.
E são justamente os leitores, com suas cartas e resenhas que me motivam e que não me deixam desistir. Reconheço, não foi fácil chegar até aqui. Meus livros são todos frutos da autopublicação e dentro do universo que tenho como autora independente vão aos poucos ganhando espaço.
Sou questionada desde o dia em que comecei a escrever. “Por que insistir? Não vai conseguir reconhecimento.” “Ninguém vai te abrir espaço.” “Isso não dá dinheiro”. A publicação independente custa muito caro. Vai gastar e não vai conseguir nada do que gastou de volta.” E é verdade.
Então, você abre sua caixa postal e vê alguém falando ali que seu livro despertou o prazer pela leitura. E magicamente, confesso, tudo valeu a pena.
Por: Bruna Longobucco
Via: Feitiço Literário
Concordo com o texto, Simone. E o final é a mais pura verdade, pois se uma pessoa leu seu texto e gostou, já valeu a pena. Talvez seja por isso que muitos ainda insistem em escrever, escrever e escrever.
ResponderExcluirAd,
ExcluirÉ a mais pura verdade. Por fim, teremos alegrias e tristezas nessa estrada. Porém, devemos prosseguir.
Volte sempre!
Abraços literários
Oi Simone, feliz em conhecer seu blog e ver o texto aí publicado. Abraços e sucesso!!!
ResponderExcluirOlá, Bruna! Seja bem-vinda!
ExcluirAliás, eu amei o artigo. \o S2 Parabéns!
Abraços literários