A dor que você doa, me dá um lar.”
(Serj Tankian – Gate 21)
De repente eu estava ali, parada e atordoada com a cena de sempre. Uma nova discussão em família, que por sinal, parecia ser muito mais agressiva do que as outras às quais sempre presenciei. Ele gritava, esmurrava as paredes, jogava todo e qualquer tipo de objeto pelos ares e como de costume, deixava a todos em estado de alerta, pois eram aquelas pequenas discussões que acabavam fazendo com que eu fosse a maior vítima de todo aquele espetáculo de horror. Quanto aos outros? Eles sequer se preocupavam com o que poderia acontecer comigo. Na verdade, queriam apenas satisfazer o grande ego daquele ser desprezível que fui obrigada a chamar de pai durante um bom tempo.
Tranquei-me naquele pequeno quarto, que nada mais era do que um pedaço da garagem. Eu tinha apenas doze anos, mas sabia perfeitamente qual seria o enredo daquela ensolarada manhã de domingo. Já havia passado por aquilo muitas vezes, e como sempre, sentia faltar o ar em meus pulmões, minha boca secar e meu coração acelerar de maneira surreal. Concentrei-me naquele minúsculo cubículo que eu chamava de quarto, um lugar que tentei de todas as formas, tornar tão infantil quanto a minha idade pedia, adornando-o com tonalidades claras em tons de rosa bebê e alguns apetrechos infantis, tais como, bonecas Barbies, ursinhos de pelúcia e algumas imagens de personagens em quadrinhos que tanto admirava e sonhava ser um dia.
Eram naqueles desesperados momentos de angústia, que ele sempre me vinha em mente... O único amigo que tinha e que tentava me proteger de todas as maneiras. Porém, sua proteção era quase sempre em vão, a não ser pelo conforto que me oferecia após os instantes de terror em que eu costumeiramente passava. Aliás, havia sido por intermédio dele, que consegui ter um cantinho mais apropriado para viver e uma infância e adolescência menos dolorosas.
Escutei três murros na porta, que de tão fraca, me fazia imaginar que mais dois daqueles golpes a colocariam abaixo. Ele falava em tom ameaçador e de dar arrepios em qualquer simples mortal:
Catatônica, continuei sentada no canto do cubículo, abraçada à minha boneca preferida, que ganhara do meu amigo e que batizara como She-ra, pois era uma das minhas personagens de desenho predileta. Porém, a cada novo golpe desferido junto à porta, outra ameaça. Eu apertava She-ra, mais e mais, e implorava para que ela me salvasse da situação que estava prestes a vivenciar. Em minha infantil imaginação, minha amada boneca poderia ajudar-me, mas isso só acontecia no interior de uma mente tão tola quanto a minha, porque a realidade era outra.
Após alguns segundos, um silêncio momentâneo deixou-me feliz. Entretanto, tal silêncio esvaiu-se com três novos murros na porta branca e frágil. E novamente escutei a terrível, assustadora e ameaçadora voz:
A cada número contado, meu coração disparava. Ergui-me aos poucos e com as pernas bambas, rumo à porta. Eu sabia que se não o fizesse, seria pior. Então, passo a passo, segui para mais um momento assombroso.
Um odor execrável invadiu minhas narinas. Um cheiro que eu conhecia muito bem. Um misto de bebida alcoólica e cigarros baratos que me deixavam desnorteada. E aqueles olhos enfurecidos e negros que me fitavam com desejo... Tudo aquilo me causava uma repulsa infernal. Clamava em pensamento para que minha She-ra fizesse algo por mim. E ela, como sempre, não me salvou.
Ele parou e fitou-me por infinitos segundos, degustando meu medo e sempre mantendo um sorriso torto, como quem estivesse dizendo, vai ficar tudo bem, só me deixe fazer o que tem que ser feito. Continuei encarando aquele ser desprezível, com medo e tentando em vão, atravessar para o outro lado da parede, ou mesmo, dos meus pensamentos. E a cada segundo, ele avançava um minúsculo passo em minha direção. Eu conseguia escutar sua respiração ofegante e descontrolada, como se ele fosse o caçador, e eu, sua presa indefesa. Sua respiração estava cada vez mais forte. Seu coração batia em ritmo desgovernado, assim como o meu. E ele esfregava as mãos seguindo em minha direção. De repente, parou por um instante e disse:
E naquele instante, aproximou-se mais e abaixou-se, ficando frente a frente comigo. Olhei-o com ódio e nojo. Ele percebeu, e ainda assim, tocou meu rosto com suas mãos encardidas e fétidas. Seus dedos deslizaram pela minha face, por incontáveis vezes enquanto eu prendia a respiração para não sentir o odor desagradável daquele homem. Cheguei a fechar os olhos para não mais ter que encará-lo. Porém, ele fez questão de abri-los, para que eu testemunhasse a tudo. Meu corpo tremeu de medo e angústia. Minhas lágrimas começaram a rolar. Eu sabia que daquela vez seria diferente, e que com certeza, seria uma das mais horrendas e marcantes de todas.
Aquela criatura desprezível levantou-me pelos braços com cuidado e demonstrando certo apego e carinho. Entretanto, eu sabia qual seria o maldito carinho que receberia em poucos minutos. Em seguida, sussurrou em meu ouvido:
Engoli a seco minha paúra e senti um arrepio percorrer meu corpo. Enquanto ele continuava:
Naquela ensolarada manhã de domingo, que por sinal, foi a pior manhã de toda a minha existência, passei a enxergar as coisas de outra maneira e me perdi do fio de esperança que me guiava na crença de uma vida melhor. Durante todo o ato, sequer falei alguma palavra, me senti como se estivesse morta. Na verdade, eu desejava mesmo morrer e cessar aquilo tudo. No entanto, só conseguia sentir o peso de seu corpo e suas mãos imundas me tocando com brutalidade. A dor era imensa, tanto em minha mente quanto em meu corpo.
Eu gritava, mas era um grito mudo, interiorizado, que somente eu conseguia ouvir. Pedia socorro para minha She-ra, pedia socorro ao meu amigo... Mas ninguém surgia para me ajudar. Com um último resquício de esperança, pedi ajuda ao Cara lá de cima. Aquele a quem todos chamam em seus momentos de tristezas — o tal Deus. E Ele também não veio em meu socorro. Então, fechei meus olhos e apenas pedi para que todo ato acabasse o mais depressa possível.
Depois de quase uma hora sendo abusada de todas as formas possíveis e imagináveis, fui largada sobre minha cama, de bruços e coberta de sangue, por ter perdido minha virgindade e virtude da pior forma existente. Antes que ele saísse do quarto, investiu em minha direção, com um cheiro ainda pior que o de antes, misturando álcool, cigarro e suor pós-estupro, e assim, murmurou em meu ouvido:
Dito isso, levantou-se, deu as costas como se nada houvesse acontecido e seguiu rumo à sua vida cotidiana e bandida, como se aquele dia fosse apenas mais um dia para ele, e como se eu tivesse ganhado um prêmio por me comportar como uma boa menina.
Desde os meus oito anos de idade, era molestada de todas as formas, inclusive de natureza sexual. Lembro-me de passar fome e, por dias, não usar uma roupa limpa. Também me recordo, de ficar anos sem ganhar novas vestes. Muitas vezes, quando me adoentava com uma gripe ou algo parecido, recorria ao meu amigo, que sempre me salvava nesses momentos, fornecendo-me remédios. E foi impossível não lembrar-me de quando — aquele ser desprezível — obrigava-me a tocá-lo em suas partes íntimas. Eu também era tocada, mas ele nunca chegou a consumar o ato propriamente dito. De certa forma, acho que ele tinha medo. Medo que alguém o denunciasse. Medo de que eu mesma pudesse denunciá-lo. Aliás, vontade não me faltava. O maior dos problemas era que, todas as vezes em que eu pensava ter algum tipo de reação que fosse contra seus atos perversos, era torturada de forma verbal, psicológica e física, com palavrões, ameaças assustadoras e bofetões por todo o corpo. Alguns deles me deixavam marcas tão expostas, que em certos dias eu mal podia sair de casa.
Sempre me perguntava onde estaria a mulher que se dizia minha mãe, mas que na verdade sempre deixou bem claro, desde os meus sete anos de idade, que eu era filha adotiva e apenas mais um peso na vida de todos daquela casa.
Certo dia, logo após uma das minhas surras quase que quinzenais, procurei a tal criatura feminina e fantasmagórica, aquela que se dizia minha mãe. Ao encontrá-la em seu perfeito estado, ou seja, sem o efeito entorpecente de álcool ou drogas, fitei-a nos olhos e perguntei:
Mesmo sem completar a pergunta, ela sabia a que eu estava me referindo. E, também fixou seus olhos nos meus, deu um leve sorriso e virou-se para continuar preparando seu lanche, como se ninguém estivesse ao seu lado. Sua única preocupação era seu filho legítimo, que era apenas um ano mais velho que eu e que sabia, melhor do que ninguém, como ser uma pessoa de má índole.
Com o tempo, ainda criança, aprendi a usar dos mesmos artifícios que eles. E de certa forma, ser uma má pessoa também. Não me comunicava com ninguém, nem mesmo com eles, minha família postiça. Cometia pequenos delitos em mercearias e lojas de conveniência, pois se não fosse assim, nada teria ou até mesmo passaria fome. Eu julgava tudo aquilo normal, devido às circunstâncias, e ainda assim era pouco, porque minha ira infantil expandia a tal ponto, que acabei me interligando aos piores elementos da escola. E com eles, conseguia me sentir um pouco mais respeitada aos olhos dos outros alunos. Um desses piores elementos era o meu único amigo real, que na verdade, nem mau elemento era e me salvara tantas vezes de meus assombros, que ao tentar me erguer, também começou a cair, assim como eu. E dessa maneira, ele passou a fazer parte do monstruoso mundo no qual eu habitava.
Seu nome era Maxwell Fonseca, mas era conhecido como Max. Depois de algum tempo percebi que o significado de seu nome fazia enorme sentido. Max: abreviatura de Máximo.
Procurei saber mais sobre o assunto e fui pesquisar à minha maneira, todas as idiossincrasias das pessoas com esse nome, algo um tanto esotérico, devo confessar.
Análise da Primeira Letra do Nome: M
Muito ligado à família e emotivo. Costuma exagerar em seus cuidados,
correndo o risco de sufocar as pessoas que ama. Possui muita energia,
e por isso, deve sempre manter-se ocupado com algo. Nos
relacionamentos amorosos ou mesmo de amizade, quando se magoa,
procura recolher-se para dentro de si e dali só sai quando recebe um
pedido de perdão. Um bom conselho seria aprender a controlar seu
temperamento e deixar as pessoas que ama mais na delas.
Max era exatamente assim. Emotivo. E cuidava de mim como ninguém.
Ele era apenas dois anos mais velho que eu, mas nos conhecíamos desde crianças. Em verdade, ele aproximou-se enquanto eu me lamentava por uma surra que havia levado aos seis anos de idade, por ter deixado minha boneca Barbie no chão, fazendo com que meu terrível pai adotivo — Antônio César Toledo — mais conhecido como Toni, levasse um tremendo tombo.
Naquele dia, depois da surra, consegui sair escondida e seguir até uma praça a duas quadras abaixo de casa. Chegando lá, sentei-me embaixo de uma das árvores, algo que eu gostava muito de fazer. E como sempre, em meu estado de petrificação, não conseguia falar nada, nem sequer chorar. Fiquei por lá, esperando as horas passarem e também esperando minha coragem para retornar àquele lugar que infelizmente era meu lar. Alguns minutos se passaram, e um garoto magro, de cabelos lisos e loiros no corte tigelinha e olhos bem verdes, sentou-se ao meu lado. Encarei-o ainda com muitas dores pelos braços e rosto, por conta dos hematomas. Ele sequer falou comigo. Apenas ficou ao meu lado durante algum tempo e curtiu, junto a mim, aquele meu momento de agonia.
Senti, com o peso do seu olhar, uma compaixão e proteção que jamais havia experimentado. Não precisávamos falar nada, os nossos olhares já diziam tudo. De um lado, o medo e a dor. Do outro, a compaixão e a proteção. Notavelmente, passamos por situações parecidas inúmeras vezes e sem pronunciarmos uma palavra sequer. Porém, depois de dois meses, o garoto que me fez sentir protegida, perguntou:
Encarei-o sem responder de imediato. Fitando seus olhos e um tanto desconfiada. Percebendo meu hesitar, insistiu:
Esbocei um sorriso. Ele notou a mudança em meu ânimo, mas estragou tudo ao falar a pior e mais horrenda frase:
De imediato meu corpo estremeceu, minhas pernas ficaram bambas e o ar fugiu dos meus pulmões ao escutar aquela palavra que eu estava tão familiarizada a ouvir desde bebê, por uma das piores vozes que habitaram minha memória. Afastei-me do garoto, levantei-me e fiz um sinal com uma das mãos para que ele não se aproximasse. Depois segui para meu nada doce lar, sem olhar para trás e apenas pensando nos motivos que aquele garoto tinha para pronunciar tal palavra. Assim que alcancei a esquina, prestes a concluir a jornada de volta, virei-me para espiá-lo por cima do ombro. Ele, por sua vez, me voltou o olhar com tristeza, sem entender nada do que havia acontecido. Apenas abaixou a cabeça, desolado por não ter conseguido me tirar, nem que fosse somente por alguns minutos, daqueles momentos de horror que eu sempre vivia.
Muitos dias se passaram e eu não mais apareci na praça, pois me entristecia saber que a única pessoa que conseguira me transmitir certa paz e proteção, poderia também com apenas uma palavra, me proporcionar os piores sentimentos e sensações que já tive. E isto chegava a me causar um tremendo desconforto. Então, tranquei-me em meu mundinho nada colorido, esperando os dias passarem e quem sabe, encontrar algum vestígio de luz em minha vida. Mas meus sonhos sempre naufragavam a cada vez que escutava aquela horrenda voz em minha direção, sempre demonstrando um poder que, acredito eu, era enviado diretamente do inferno. Afinal, seu único propósito era fazer de mim uma pessoa tão ruim quanto ele mesmo.
Continuei pensando e me concentrando naquele amigo, do qual no fundo, eu sabia que não falara aquilo por maldade. Ele sequer sabia o quão torturante tal palavra significava para mim. E foi depois de alguns dias em total reclusão, nem me lembro quantos ao total, que resolvi voltar àquela praça e me sentar embaixo da árvore que tanto gostava.
Ao me aproximar da praça, percebi que ele estava sentado naquele mesmo lugar em que eu me sentara tantas vezes em meus momentos de tristeza, e pude sentir que estava tão triste quanto eu. Meu coração apertou ao me deparar com aquela cena da qual era íntima, e mesmo na dúvida, resolvi me aproximar. Assim que ele notou meus passos em sua direção, levantou a cabeça e olhamo-nos fixamente sem dizermos nada por alguns segundos. Ele apenas bateu a palma de uma de suas mãos naquele chão regado de natureza, sugerindo que eu me sentasse ao seu lado. Sem hesitar, assim o fiz.
Ficamos por longos minutos em silêncio, apenas nos comunicando pelo olhar e sentindo como se nos teletransportássemos em pensamentos e dores, de um para o outro, tornando aquele momento mais doloroso ainda. Então resolvi quebrar o gelo de nossas dores e perguntei:
Ele me fitou incrédulo, porém feliz e respondeu:
Seguimos ao nosso destino e à nossa infância, que foi roubada por motivos diferentes, mas que nos uniu como dois amigos-irmãos.
Chegando lá, pude perceber quão linda era sua casa da árvore, como aquelas que eu era acostumada a ver em filmes, bem colorida por dentro, e com apetrechos de meninos, tais como, bonecos de guerra, carrinhos, bolas e principalmente um enorme pôster de seu personagem favorito He-man. Seria coincidência?
Continuei observando, encantada com aquele canto mágico que Max tinha o privilégio de ter nos fundos de sua casa e que havia sido construído pelo seu super-herói já falecido, seu pai. De certa forma, aquilo me deixou feliz, pois eu sabia que mesmo por pouco tempo, o garoto teve uma pessoa que lutou por ele e que o amava. Continuamos por lá, curtindo aquele momento inimaginável. Depois do silêncio ao qual nos encontrávamos, Max quebrou o gelo perguntando:
De imediato levantei o rosto em sua direção, arregalando os olhos e encarando-o com um medo visível. No mesmo instante ele percebeu que aquela era a palavra que não deveria nunca ser dita.
Por puro reflexo, dei dois passos para trás, ainda com os olhos arregalados e um semblante de medo. Max olhou-me com notável preocupação e certo pavor, talvez de que eu fosse embora daquela casa da árvore e não voltasse nunca mais. Ficamos os dois parados, frente a frente, em silêncio e podendo sentir o soar de nossa respiração e nosso batimento cardíaco acelerado. Dei mais um passo para trás, e Max, em desespero, falou:
Pude sentir tamanha sinceridade nas palavras daquele garoto, também magoado com a vida, mas que ainda não se deixava abater por suas dores, e respondi:
Segundos depois, escutamos uma doce voz chamando por Max. Era sua adorável mãe, que se chamava — Eliza Maria — e que, com todo o cuidado e carinho do mundo o alertava para o almoço.
Aquela doce e suave voz me fez esquecer por alguns segundos, de todas minhas angústias, e também me deixou feliz por saber que aquele garoto ainda tinha com quem contar. Se eu ao menos houvesse tido uma sorte como aquela... Minha vida não teria sido tão desgraçada. Então, Max respondeu:
Ele me encarou com um olhar confuso, como quem não sabia como agir naquele exato momento. Eu, ainda quieta em meu canto próximo à porta da casa da árvore, apenas fiz um sinal positivo com a cabeça para que o mesmo seguisse para seu almoço ao lado de sua amada mãe. Por alguns instantes senti uma tremenda inveja por não ser eu aquela criança sortuda, com uma mãe tão carinhosa.
Max desceu pela escada de corda que pendia sob a casa da árvore, primeiro que eu, sempre olhando para cima, mas sequer conseguiu me visualizar, porque minutos depois, quando ele já estava em seu almoço maternal, resolvi descer e seguir para meu nada doce lar.
Caminhando ainda em seu quintal, ouvi meu nome:
Incrédula, fitando-o com as sobrancelhas erguidas, respondi:
Então segui ao seu lado, adentrando um lar nada luxuoso, porém confortável, de aparência humilde e com um agradável ambiente bem me quer, do qual eu nunca havia presenciado. Logo que entramos, sua mãe me recebeu com um forte abraço e disse:
Foi uma tarde de alegrias incontidas, tanto para mim quanto para Max. Notei que Dona Eliza nos deixou à vontade para nos aprofundarmos naquela amizade que surpreendera a nós três. Almoçamos, assistimos aos nossos desenhos favoritos na Tv e jogamos vídeo game, algo que por sinal, eu desconhecia. E nos entreolhamos diversas vezes com compaixão e carinho por todo aquele tempo. No fim da tarde, deveria voltar para minha casa, com minha família desprezível e detestável. Despedi-me de Max e de Dona Eliza com dor no peito, mas com a certeza de que alguma coisa havia mudado. E eu já podia ter um pequeno lampejo de esperança...
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