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Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
[mordiscou a ponta da minha orelha]
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
[depositou um beijo no meu pescoço]
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
[deu um rápido selinho nos meus lábios]
Mas como causar pode seu favor;
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
[beijou-me com querer]
(Soneto 11 – Luís de Camões)
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