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O Aconcágua é a montanha mais alta do Hemisfério Sul. Pensei nele para escrever esta minha primeira história no blog, por ilustrar bem o que foi chegar até aqui: um desafio, um sonho, um daqueles objetivos que proporcionam um prazer difícil de explicar quando atingido.
Subir uma alta montanha deve ser mais ou menos como seguir a trilha entre dois momentos-chave da vida do escritor: o primeiro, que surge da necessidade mais pura de contar suas histórias; e o último, aquele quando ele percebe o esforço recompensado pelo reconhecimento de quem lê tais reflexões.
Nunca subi o Aconcágua, esclareço aqui. Mas, como todo escritor prudente, fiz minhas pesquisas. A montanha tem nada menos do que 33 rotas possíveis catalogadas. Algumas consagradas, outras pouco exploradas. Umas menos dolorosas, outras que só alguns têm coragem de se aventurar. Os caminhos podem ser muitos, mas o objetivo é o mesmo. Eu poderia ter escolhido uma das rotas que tantos seguiram antes de mim, mas decidi trilhar minha própria. Optei pelo caminho independente, fui pela “Parede Sul”, considerada por muitos a face mais difícil. De um lado, o deserto. De outro, o mar. Desviar do objetivo, perder o foco, esmorecer ou tropeçar, significava morrer de sede ou afogado.
Mas a vista é linda!
Cavei espaço entre as pedras com as ferramentas de que dispunha (as cordas da perseverança, os mosquetões da disciplina, as picaretas do trabalho). Aprendi errando, e em alguns momentos de incertezas, de vento e frio, pensei em desistir (quem nunca?). Em outros instantes, encontrei mãos que me seguraram à beira do abismo. Por elas sou eternamente grato.
A Intrínseca é meu Aconcágua. Chego com minha pequena barraca iglu nas costas e uma mochila cheia de histórias para contar. O acampamento é de primeira, os alpinistas que me precederam são grandes autores e aqui encontraram bom abrigo. Agora é sentar ao redor da fogueira, sob o céu estrelado, apreciar a vista, abrir a mochila e deixar que as histórias ganhem vida.
A aventura está só começando…
Maurício Gomyde é paulista de nascimento, mas considera que a paixão pelo céu mais belo do mundo alterou seu DNA para brasiliense. Tem música no sangue, é baterista, cinco romances publicados e uma mochila cheia de histórias para contar. O primeiro livro pela Intrínseca sai em 2015.
Artigo via: Blog - Intrínseca
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