Canção/inspiração: Right Now
Banda: Van Halen
P.S.: Texto sem revisão.
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Eu me deparei com aquilo que tanto evitei escutar (e acreditar)...
— Infelizmente não tenho boas notícias... Os remédios, ou seja, o tratamento não faz mais efeito algum... — as palavras fincaram como uma adaga em meu coração.
Olhei incrédula para o doutor. Meus pais ficaram estáticos e petrificados de medo. Aquele prognóstico era descortês —, e por sinal, rompeu a todos...
— O senhor tem certeza do que está dizendo? — perguntei, ansiando outra resposta.
— Infelizmente é o que tenho a lhe dizer, Juny... — afirmou o que eu tanto temia.
"Eu perdi o chão!"
— Quanto tempo ainda tenho? — perguntei, em tom pesaroso.
— Eu não posso lhe dizer ao certo... — respondeu o doutor, desvincilhando-se da minha pergunta.
— Como não pode? Você é o doutor... — rebati com revolta.
— Eu sou o doutor, Junyane... Apenas isso! Se pudesse mudar o seu destino, eu o faria. — disse, tão entristecido quanto eu.
Engoli a seco minha paúra. Queria viver uma vida plena: viajar, amar e ser amada, ter filhos... Constatei que todos os planos que eu havia feito, não tinham valia.
— Que o senhor não pode mudar o meu destino eu até entendo... Mas acredito que pode me elucidar sobre quanto tempo ainda me resta... — implorei um parecer mais preciso.
Meus pais continuaram estáticos e petrificados, sentados bem ao meu lado. Eu, por minha vez, fechei os olhos e respirei fundo —, e por intermináveis segundos, tive um flash de tudo o que ainda não vivi...
— Mas doutor, deve ter um outro método. Por favor, nos diga que tem um outro método... — mamãe, enfim, resolveu abrir a boca.
— Dona Wilma, nós fizemos tudo o que estava ao nosso alcance... Até mesmo alguns experimentos não convencionais... — afirmou o meu óbito, com os olhos marejados.
Encarei o doutor com malquerença, como se a culpa fosse exclusivamente dele... Redirecionei meu fitar para os meus pais... Pude sentir a dor cortante pela qual todos — até mesmo o doutor — estavam passando.
— Eu não aceito isso! — falei em tom sólido e intenso.
"O silêncio se fez presente, com a marcha
fúnebre de Chopin ao fundo..."
fúnebre de Chopin ao fundo..."
Ter a certeza que me restava pouco tempo de vida era dilacerante...
Eu culpei a todos, inclusive a Deus!
— Como devo proceder então, doutor? — meu desespero, apesar de contido, era visível.— Viva! — ele foi direto na resposta.
Então, envolta numa centelha de lucidez, pensei:
"Não posso esperar “o amanhã”...
Eu preciso “do hoje”.
Fiquei por alguns segundos catatonicamente adormecida, tentando encontrar uma saída...
— Por que esperar mais um dia? — disse em alto e bom som.
— O quê...? — perguntou papai, surpreso e aflito.
— Por que esperar? — respondi, encarando intercaladamente a todos.
Notei que eles entenderam o que eu queria dizer... Eu estava prestes a seguir uma nova caminhada, com um destino incerto.
— Um passo a frente, um passo atrás... Como na música do Van Halen... Right Now. — soltei as palavras deleitosamente, como se elas fossem a minha válvula de escape.
Todos continuaram em silêncio! Eles sabiam que o meu passo a frente faria toda a diferença... Eu tinha que correr contra o tempo para conseguir igualar o pouco que me restava, fazendo planos com “o presente”, deixando para trás “o passado” e não esperando nada “do futuro”.
— Este momento é o meu amanhã... — foram minhas últimas das poucas palavras que doei com empatia.
Levantei da cadeira e antes mesmo de sair porta afora, disse:
— Right Now! É agora ou nunca.
Texto por: Simone Pesci
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