4 de mai. de 2015

Agora ou Nunca - por Simone Pesci

Era o prólogo de um enredo... Porém, tornou-se um breve texto! E foi escutando a canção "Right Now", da banda Van Halen, que veio a inspiração... Dedico esse texto a minha amada amiga "Juny Moura". Boa leitura!

Canção/inspiração: Right Now
Banda: Van Halen

P.S.: Texto sem revisão.

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Eu me deparei com aquilo que tanto evitei escutar (e acreditar)... 


 Infelizmente não tenho boas notícias... Os remédios, ou seja, o tratamento não faz mais efeito algum...  as palavras fincaram como uma adaga em meu coração.
Olhei incrédula para o doutor. Meus pais ficaram estáticos e petrificados de medo. Aquele prognóstico era descortês , e por sinal, rompeu a todos...
 O senhor tem certeza do que está dizendo?  perguntei, ansiando outra resposta.
 Infelizmente é o que tenho a lhe dizer, Juny...  afirmou o que eu tanto temia.

"Eu perdi o chão!"

Naquele instante, me dei por conta que havia desfrutado de dezenove anos mal vividos, às sombras de uma vida sem sentido, usufruindo restritamente de uma fortuna que um dia (se ainda viva  algo que não aconteceria) me pertenceria.
 Quanto tempo ainda tenho?  perguntei, em tom pesaroso.
 Eu não posso lhe dizer ao certo...  respondeu o doutor, desvincilhando-se da minha pergunta.
 Como não pode? Você é o doutor...  rebati com revolta.
 Eu sou o doutor, Junyane... Apenas isso! Se pudesse mudar o seu destino, eu o faria.  disse, tão entristecido quanto eu.
Engoli a seco minha paúra. Queria viver uma vida plena: viajar, amar e ser amada, ter filhos... Constatei que todos os planos que eu havia feito, não tinham valia.
 Que o senhor não pode mudar o meu destino eu até entendo... Mas acredito que pode me elucidar sobre quanto tempo ainda me resta...  implorei um parecer mais preciso.
Meus pais continuaram estáticos e petrificados, sentados bem ao meu lado. Eu, por minha vez, fechei os olhos e respirei fundo —, e por intermináveis segundos, tive um flash de tudo o que ainda não vivi...
 Mas doutor, deve ter um outro método. Por favor, nos diga que tem um outro método...  mamãe, enfim, resolveu abrir a boca.
 Dona Wilma, nós fizemos tudo o que estava ao nosso alcance... Até mesmo alguns experimentos não convencionais...  afirmou o meu óbito, com os olhos marejados.
Encarei o doutor com malquerença, como se a culpa fosse exclusivamente dele... Redirecionei meu fitar para os meus pais... Pude sentir a dor cortante pela qual todos — até mesmo o doutor  estavam passando.
 Eu não aceito isso!  falei em tom sólido e intenso.

"O silêncio se fez presente, com a marcha
 fúnebre de Chopin ao fundo..."

Ter a certeza que me restava pouco tempo de vida era dilacerante...
Eu culpei a todos, inclusive a Deus!
 Como devo proceder então, doutor?  meu desespero, apesar de contido, era visível.
 Viva!  ele foi direto na resposta.
Então, envolta numa centelha de lucidez, pensei:

"Não posso esperar “o amanhã”... 
Eu preciso do hoje”.

Fiquei por alguns segundos catatonicamente adormecida, tentando encontrar uma saída...
 Por que esperar mais um dia?  disse em alto e bom som.
 O quê...?  perguntou papai, surpreso e aflito.
 Por que esperar?  respondi, encarando intercaladamente a todos.
Notei que eles entenderam o que eu queria dizer... Eu estava prestes a seguir uma nova caminhada, com um destino incerto.
 Um passo a frente, um passo atrás... Como na música do Van Halen... Right Now soltei as palavras deleitosamente, como se elas fossem a minha válvula de escape.
Todos continuaram em silêncio! Eles sabiam que o meu passo a frente faria toda a diferença... Eu tinha que correr contra o tempo para conseguir igualar o pouco que me restava, fazendo planos com “o presente”, deixando para trás “o passado” e não esperando nada “do futuro”.
 Este momento é o meu amanhã...  foram minhas últimas das poucas palavras que doei com empatia.
Levantei da cadeira e antes mesmo de sair porta afora, disse:


 Right Now! É agora ou nunca.


Texto por: Simone Pesci

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