20 de dez. de 2015

[Quote]: Entre o Céu e o Inferno

— Alex...  Max pronunciou meu nome em tom suave e carinhoso.

Levantei minha cabeça incredulamente, fixando o olhar naquele menino que se tornara homem e que com certeza era a pessoa que eu mais amava no mundo. Max! Ele realmente estava de volta. E foi naquele exato momento, depois de anos sem ter notícias daquele que me acompanhara ao inferno e ao céu por inúmeras vezes, que pude sentir a falta que ele fizera em minha vida. De repente, o mundo parou e como em um filme, aquele cenário era só nosso. Então, ficamos nos fitando em silêncio, por segundos a fio, apenas nos comunicando pelo olhar, sabendo do risco que corríamos em viajar para o céu ou para o inferno, juntos novamente.

Aquele era um momento mágico, pois meu céu estava de volta, apenas a alguns passos de mim. E a sensação que tive ao vê-lo era indescritível. Naquele momento, pude novamente sentir a paz que tantas vezes senti ao seu lado. 

 Meu Céu... É você mesmo que está aqui?  perguntei descrente.

Seu olhar era o mesmo de sempre. Um olhar carinhoso e de compaixão. Ele realmente estava de volta e assim como eu, continuava em silêncio, apenas fitando-me dentro dos olhos, transmitindo uma calmaria que só ele conseguia. E novamente, depois de anos, estávamos nos comunicando pelo olhar. 

Eu continuava paralisada, assim como ele. Era como se alguma coisa estivesse nos prendendo naquele flerte. Um flerte que, na verdade, era um reencontro... O reencontro que eu tanto sonhara.

 Max...  falei como num sussurro.

E assim, percebi um resquício de sorriso no canto de sua boca. Em seguida, tristes lágrimas percorrendo sua linda face.

 Você voltou...  pronunciei com a voz embargada.

Ele levantou a cabeça em direção do céu, como se estivesse agradecendo por algo. E depois de um longo suspiro e voltando a encarar-me, caminhou em minha direção ficando de joelhos bem à minha frente, deixando nossas faces tão próximas que eu conseguia até sentir sua respiração quente e desgovernada. E lá estávamos nós... Olhos azuis e olhos verdes, se cruzando novamente, depois de anos, como num pedido de socorro.

Max tocou meu rosto suavemente, deslizando seus longos dedos, como se não estivesse acreditando que era eu quem estava à sua frente. Meu corpo arrepiou-se por inteiro e eu sentia como se todo aquele peso ruim de anos, se esvaecesse pelos ares. Sem pensar, também toquei sua face angelical, que eu conhecia tão bem e que em momento algum havia saído da minha mente e do meu coração. 

Assim que Max sentiu meu toque, fechou os olhos e novamente percebi novas lágrimas percorrendo sua face. E por um longo tempo ficamos nos sentindo, sem nada dizer. Ele nunca havia me tocado com tamanha intensidade, deixando-me como se estivesse flutuando no ar, libertando um choro contido.

 Shhhh, não chore meu amor... Eu voltei para lhe ajudar, e dessa vez não desistirei de você.  Max falou ainda tocando meu rosto com ternura.


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