Autora: Simone Pesci
Gênero: Romance Sobrenatural
Status: Ainda sendo escrito, sem previsão de conclusão e publicação. Texto sem revisão final, sujeito a alteração. Capa provisória.
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CAP 1 — ORIGEM E QUEDA
Eu estava por perto quando ele — o Salvador — se encontrava em seu momento de dúvida e dor, rodeado por muitos bonecos de barro que deram a sua sentença final, mostrando de que nada valia numa febril batalha entre o bem e o mal. Fiquei por lá, até me certificar que Pilatos lavasse suas mãos e selasse o seu destino, que também seria o meu destino, pois sendo ele castigado, eu continuaria por aqui, sendo apenas eu mesmo: o renegado Príncipe das Trevas, incumbido de manter a desordem. Ele era a salvação e Eu a perdição.
Fui desobediente, não atendendo ao pedido do Pai, o ser supremo maior, que criou o mundo, a humanidade e todas as outras coisas. Não me conformei em cumprir uma de suas ordens, ser submisso aos bonecos de barro, ou seja, os humanos. E por este motivo, não cumpri o que me fora ordenado, esquecendo-me até mesmo do ser supremo maior, até então, meu Pai.
Desobedeci e enfrentei-o com a bravura de um guerreiro. E com a mesma bravura ele renegou-me, sentenciando-me ao Inferno, um lugar que deveria ser o meu maior martírio. Porém, eu não era o único insatisfeito e desobediente no Reino dos Céus, haviam muitos outros que pensavam como eu, revoltando-se e desobedecendo-o.
Eles também o enfrentaram ao descobrir que seres inferiores a nós teriam o livre-arbítrio, e com isso, nós — os seres de luz maior — estaríamos restritos a castigá-los. Sendo assim, muitos seres de luz maior também foram renegados e enviados ao Inferno, e, desta forma, pereceram ao meu lado.
“Hic de caelo descendi”
(Do céu desci)
Para alguns eu era Lúcifer, o temido anjo caído. No entanto, a humanidade tinha o péssimo hábito de me intitular com vários nomes: na cultura judia eu era Dybbuk; no budismo e hinduísmo eu era Rakshasa; na cultura islâmica eu era Abaddon; para a mitologia grega eu era Hades; para o cristianismo e todo o resto eu era o Capeta, Demônio, Diabo, Belzebu ou Satanás. Contudo, o nome que mais me agradava, era Lúcifer.
Com a queda, apagou-se a minha luz, fazendo com que eu me tornasse um alado. Eu permaneceria por toda a eternidade, enclausurado numa prisão que para muitos era o tormento. No entanto, para mim, passou a ser o meu maior regozijo.
Como o primeiro anjo caído e traidor, tornei-me o ser das trevas com maior poder e sombriedade. E mesmo não emanando a luminescência e bondade de antes, eu ainda seria um ser supremo e extremo, com extraordinários poderes. Tinha o dom de encantar, persuadir, mentir, enganar, dentre tantos outros dos quais eu muito me orgulhava. Foi neste momento que decidi ser um líder, pois nenhum outro anjo caído teria os mesmos poderes que eu. Assim, fiz da minha prisão o meu reinado, tornando-o a morada dos mortos pecaminosos, conhecida por todos como “O Reino de Tenebris”, ou seja, “O Reino das Trevas”... Um lugar onde eu era rodeado por meus fiéis súditos, que sempre se encarregavam em trazer muitas almas desgraçadas que se tornariam meus escravos.
Apesar de todo meu poder, eram poucas as vezes que subia para o mundo dos humanos. Na verdade, eu só me embrenhava nisso quando sentia necessidade de fazer justiça com minhas próprias mãos, o que pouco acontecia, pois eu tinha a eles, os meus fiéis súditos e escravos para cumprirem com os meus propósitos.
Criar desordem, tirar vidas, deturpar, enlouquecer, eram alguns dos tantos trabalhos que eu ordenava diariamente. Aliás, no mundo dos humanos tudo se cumpria com muita facilidade, pois os bonecos de barro, em sua maioria, eram almas desgraçadas, que por motivos limitados e pura fraqueza, agiam de forma terrivelmente assustadora, fazendo com que meus propósitos fossem cumpridos de maneira fácil, trazendo-os para o meu torturante acalento. Todas as almas pecaminosas desciam direto para minha prisão, sabendo que de lá nunca mais sairiam. O inferno era a morada do Diabo... A minha morada... A morada do anjo traidor caído... A morada das almas pecaminosas.
Às vezes o meu tédio vinha à tona, era quando eu resolvia travar batalhas magnânimas diretas com o céu, pois este era um dos meus prazeres prediletos: provocar o meu criador, que me fez ser um ser celestial desprovido de palavras e atitudes diante dos humanos, tendo que me ponderar no que eu achava correto e justo, algo que não deu muito certo.
Eu nunca me ponderei, e por sinal, sempre fazia uma justiça trapaceira. Foi quando mais uma vez trapaceei, e disfarçando-me como um anjo qualquer, adentrei o Reino dos Céus. Naquele dia, o céu reinava numa certa tranquilidade — e assim, com minha demasiada coragem, enfrentei o meu criador.
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— Pai, necessito das mãos livres para agir. Não me impeça com suas preocupações inúteis. Eu o desobedeci, e por isso renegou-me. Agora só lhe peço mãos livres.
... "Porque a boca fala do que está cheio o coração"
(Mateus 12:34)
— Filho, você emana maldade, e sua boca só desfere desgraça e tristeza. Isso muito me entristece. Construí o seu martírio e você fez dele o seu reinado. Afirmo-lhe, suas mãos estão livres, nada mais posso fazer!
— Ó Senhor dos Céus, afirmas que me dá liberdade, mas priva-me do paraíso?
— Seu paraíso será o seu maior martírio, apenas isso. Agora volte para o seu reino, e da próxima vez que ousar atravessar os portões do céu, eu não terei piedade.
†††
E assim desci para o meu reino, e por milênios enclausurei-me, apenas supervisionando os trabalhos sujos que eu ordenava aos meus fiéis súditos e escravos. Por um tempo me contentei em estar nessa posição, apenas dando ordens e supervisionando. No entanto, houve uma época que decidi fazer pessoalmente da vida dos humanos um inferno. Foi quando implantei o caos. Desta forma, recebi a excelentíssima visita do Senhor dos Céus...
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— Se és tão bondoso como diz, por que não os ajuda? — perguntei, defronte à ostentosa luz que se fazia presente.
— Minha bondade e ajuda começa antes mesmo de sua chegada. Alguns se salvarão, outros não. Infelizmente não tenho o poder de mudar atitudes, mas faço o que posso para dar-lhes a razão e tocar vossos corações.
— Ora, Senhor, és bondoso e tocas muitos corações humanos, mas priva-me de ter o coração tocado?
— Ó criatura sem alma, nunca teve um coração... És um ser exilado, que sente prazer em ver a maldade no mundo, e por isso, nada tenho a lhe oferecer.
— Criastes, renegastes e punistes a mim com a mesma intensidade. No entanto, não tens coragem de punir a estes que são tão impuros quanto eu? — fiz uma mesura com as mãos, mostrando-lhe o caos logo à nossa frente.
— Você foi criado de forma diferente, com um poder e sabedoria que eles jamais terão — a luminescência tornou-se ainda mais forte — Renegou-te a ti mesmo, meu filho.
— Se é assim que pensas, meu pai, por que insiste em visitar-me e ver o meu reinado triunfando?
— O seu reinado só prevalecerá naqueles impuros de coração. Sua sentença já foi dada, milênios atrás. Contente-se com seu martírio e absolva a alma desses pobres mortais.
— Nunca! Eles fazem parte do meu reino. Posso não ter um reinado tão forte quanto o teu, mas ainda impero uma grande legião.
— Pois então nossa luta será constante, Lúcifer! Saiba que jamais abandonarei aos meus, e até mesmo os impuros têm direito de entrar no Reino dos Céus.
— Ó grandioso Senhor, se és assim, por que ainda renegastes seu impuro filho?
— Não renego-te por inteiro, pois ainda és o meu filho. Apenas discordo de suas atitudes.
— Não renego-te por inteiro, pois ainda és o meu filho. Apenas discordo de suas atitudes.
— Pois então, meu Pai, me renegará por inteiro e discordará de mim para todo o sempre.
“Mas os covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os mentirosos — o lugar deles será no lago de fogo que arde com enxofre.
Esta é a segunda morte”
(Apocalipse 21:8)
Canção Inspiração
Cantor: Hozier
Música: Take Me To Church
P.S: Vídeo editado por Simone Pesci
P.S: Vídeo editado por Simone Pesci
Muiito bom, adorei :3 lucifer♥♥
ResponderExcluirAh, que máximo Wall! Fico feliz que você curtiu. \o/\o/\o/ Acredito que em 2017 teremos Lúcifer como companhia. hahaha
ExcluirAbraçossssss
sem dúvidas nenhuma é um tema bem delicado, aprecio muito este tipo de escrita e aguardo pelo o próximo capítulo.
ResponderExcluiraté senti dó de lucifer, kkk mas ja passou :3 parabens pelo o seu trabalho e muiito sucesso :3 bjos, att
SIM, Wall! Trabalhar com um tema como este é mais que desafiador. Estou ciente que terei os prós e contras. Mas como de costume, além de entreter, a intenção final é levar uma boa mensagem ao leitor.
ExcluirAh, não tenha pena do Lúcifer (Lucius) não! Ele é BAD e pouco se importa com a humanidade. Aliás, ele se importa apenas com uma humana, sendo essa Ágata Botelho... Por quem se apaixonará. hahaha
Abraçossssssss
POR FAVOOOOOR! EU QUERO ESSE LIVRO ONTEEEEEEEEEEM!
ResponderExcluirAh, que lindeza! S2
ExcluirLogo teremos! Que bom que você curtiu, Iná. \o/\o/\o/
Beijossssss