A primeira resenha de 2017 foi a minha última leitura de 2016. Aliás, uma grata surpresa que minha irmã trouxe emprestado e que, por este motivo, decidi passar a leitura na frente. Trata-se de uma distopia futurista, escrita pela autora Fabiane Ribeiro. Agora confira a sinopse e resenha de "A gente ama, a gente sonha", uma publicação da Universo dos Livros.
Sinopse: Num futuro distante, em que a humanidade é completamente diferente daquela que conhecemos, Vanessa depara-se com situações para as quais foi treinada a não se importar: morte, fé, família, amor. Uma mensagem vinda do ano de 2012 é apenas o começo das mudanças em sua vida, que se intensificam quando ela começa a sonhar livremente, o que também era proibido.
Em uma narrativa sobre a reinvenção do homem do futuro, dos valores e do mundo, A gente ama, a gente sonha, é um misto de ficção futurista com os dramas atuais da humanidade, que, apesar dos esforços, nunca mudam. As perdas e os sonhos vão levar Vanessa a descobrir um mundo novo e a resgatar sentimentos escondidos em seu peito. Descobrir quem é o rapaz misterioso dos seus sonhos é apenas um de seus problemas, quando, na verdade, amar é o maior crime que ela poderia ter cometido.
"Porque entre a não permissão... há de se ter coração"
Uma maravilhosa surpresa!
A história se passa no futuro, quando o mundo está bem diferente do que já foi um dia: não há mais um céu azul, mares cristalinos, animais, natureza e os humanos não podem respirar um ar saudável. As pessoas são treinadas a não terem sentimentos e viver numa humanidade dividida em classes: M (miseráveis), P (pobres), R (ricos) e E (extremamente ricos), onde, é claro, os ricos e extremamente ricos seguem os dias de melhor forma, com mais regalias e protegidos pelas redomas de proteção. Cada humano tem o seu robô, que ajuda nos afazeres do dia a dia, além de armazenar dados de suas vidas. As camas, mesas, carros (entre tantas outras coisas) flutuam, e todos devem sair nas ruas protegidos para não se queimarem com o Sol escaldante, ou até mesmo morrer intoxicado com o ar poluído. A Máquina dos sonhos é de suma importância na vida de todos, pois por meio dela os humanos são comandados a sonhar com coisas que apenas "O Maquinário" — instituição que comanda o mundo — deseja. Desta forma são proibidos de saber sobre o passado, ou seja, sobre "OS ANTIGOS".
A situação poderia levar o fim das classes baixas, P e M, que não tinham a proteção e os direitos destinados às classes altas. Mas, perdê-los não seria vantajoso para o Maquinário, visto que prestavam serviços fundamentais à sociedade (que membros E ou R jamais prestariam). Portanto, muita discussão e longos anos de decisões errôneas acabaram por conduzir uma interessante solução: os cidadãos das classes P e M, ou seja, pobres e miseráveis, passaram a fazer parte de um sistema no qual acumulavam pontos para ganharem aparelhos que poderiam garantir-lhes certa sobrevida. (Livro: A gente ama, a gente sonha — Pág.21)
Vanessa — ou Nenê — como é conhecida, tem 26 anos e faz parte da classe R (ricos), além de ter dois irmãos: Dominique, de 13 anos; e Junior, de 9 anos. Seus pais morreram anos atrás, de forma misteriosa. Ela tem sua robô/empregada chamada Lucy; ela trabalha ao lado de Victor (seu melhor amigo), no Hospital dos Embriões, onde ajuda no nascimento de tantos novos bebês; ademais, ela tem um vizinho chamado Johnny, o qual intitula como "vizinho mala", e um namorado chamado Bernardo. Porém, Nenê nutre fascinação pela história dos Antigos, algo que é proibido, e assim como seu irmão mais novo, Junior, sonha com um mundo onde todos possam viver livremente, apreciar um céu azul, a natureza, animais e tantas outras coisas, que somente séculos passados puderam vivenciar.
Talvez, pelo fato de estar tão perturbada pelos sonhos que estavam invadindo sua mente quando dormia, havia surgido dentro de Nenê uma vontade irresistível de visitar o píer, que era prova de que, um dia, as coisas haviam sido diferentes no mundo. Um dia a realidade havia sido como nos seus sonhos. (Livro: A gente ama, a gente sonha — Pág. 34)Por uma razão desconhecida, a Máquina dos Sonhos de Vanessa começa a falhar, remetendo-a a sonhos no mundo dos Antigos: com mares e um céu azul, entre tantas outras coisas. De imediato ela teria de reportar essa falha ao Maquinário, porém ela não o faz. E cada vez mais começa a ter sentimentos e desejos que é proibida de ter. E numa manhã, mesmo correndo risco, resolve seguir até o píer, depois de ter tido um lindo sonho com o tempo dos Antigos. Ela encontra uma garrafa, a qual leva para casa e descobre que dentro dela há uma mensagem do passado, mais especificamente de 2012. Além de saber um pouco mais do passado, Nenê passa a ter sonhos com um homem desconhecido, homem este que a faz sentir um novo sentimento, sendo este o Amor... Algo que ela conhecera através dos Antigos.
Numa sociedade marcada por desgraça, ela optara pela esperança. Num mundo tingindo pelo sofrimento e pela eliminação dos diferentes, ela optara a dar a Peter a chance de ter um destino. Numa Terra agora sem sonhos, suspiros e sussurros, ela era diferente pela capacidade que tinha de amar e sonhar. (Livro: A gente ama, a gente sonha — Pág.131)
Nenê é uma nova mulher, e além de estar tendo sonhos, conhecimentos e sentimentos proibidos, ela resolve salvar a vida de Peter, o bebê de Zildhe, uma mulher da classe M (miseráveis). Agora cesso os meus comentários para não soltar mais spoilers.
O que eu disse acima é pouco diante o conteúdo que o enredo apresenta, onde passado e futuro se entrecruzam para deixar uma belíssima e preocupante mensagem. Afinal, classes sociais sempre existiram, e mesmo tratando-se de uma ficção, me fez lembrar de tudo que passamos e sofremos: seja com a devastação da natureza; seja nas injustiças onde os desprovidos de bens ficam a ver navios; seja num mundo onde o virtual predomina; entre tantas outras coisas.
A autora soube criar um enredo cativante e incrível, onde podemos parar para refletir sobre nossas atitudes e consequências que, decerto, num futuro próximo, virão. A história, além de envolvente, é adornada de ação e com um "quê" de romantismo e também um pouco de comédia, digo isso por parte de duas robôs que me encantei. Um prato cheio para os amantes de um enredo bem construído, com cenários digno de uma produção hollywoodiana. Eu gostei bastante de como a história foi conduzida até o final, e o epílogo me deixou com um gostinho de quero bem mais (espero que venha esse bem mais - rs). Se EU GOSTEI? NÃO, EU NÃO GOSTEI... EU AMEI! S2 E leria até mesmo a lista de compras da Fabiane Ribeiro. \o
O enredo é narrado em terceira pessoa, com narrativa e diálogos de fácil compreensão; a diagramação é simples, com espaçamentos bons, porém fontes pequenas (o que dificultou um pouco a minha leitura), adornada em papel offset (o branquinho); e a capa é bem bonita, estampando uma nova Nenê, ou seja, bem sonhadora. Por fim, para você que curte uma excelente trama, eis essa boa pedida.
Livro: A gente ama, a gente sonha
Autora: Fabiane Ribeiro
Gênero: Distopia/Romance
Editora: Universo dos Livros
Ano: 2016
Páginas: 332
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