Sempre esqueço um pouco de mim quando conheço alguém. Por mais desinteressada que eu esteja, troco algumas palavras bobas do meu dia com as mais bobas ainda do seu e lá vou eu deixar uma peça do meu quebra-cabeça que você nunca vai conseguir montar.
Certo dia foi um brinco de pérolas, aqueles redondinhos combinando com meu esmalte naquele vermelho intenso. Tão intenso como eu gostaria que tivesse sido o nosso encontro. E mesmo assim, como um souvenir da nossa jornada, com passagem de ida e volta pra mim, o brinco ficou. Minha esperança de algo maior também. Ficou tudo o que eu podia entregar pra você.
Não me peça nada além de brincos usados, da casca do meu esmalte, da minha porta fechada, da minha caixa postal, da minha nuca indo embora, da saudade que você vai sentir, do meu perfume na sua almofada da sala, da minha ausência e do meu resto de batom no gargalo da garrafa de Smirnoff Ice, em cima da mesa de centro.
Outro dia foi uma echarpe. Roxa, combinando com meu ar de superioridade e minha altura que sempre te assusta. Ficou lá, pois você tomou o lugar dela no meu pescoço. E quando saí deixei a echarpe e um pouco da minha consciência. Não foi o Martini que me deixou assim, foi o álcool da tua saliva, teu toque sinuoso nas minhas coxas, teu cheiro inebriante.
Ali não foi proposital. Não foi um souvenir como um ticket de lembrança pela nossa viagem, que eu espero repetir em breve — inclusive para pararmos numa estação mais distante. Foi um troco. Uns trocados do preço que me custou aquilo que ganhei de ti. Algo maior do que eu esperava, uma garantia que eu buscava, um contrato de vulnerabilidade assinado apenas por mim. Se quiser ficar com a echarpe, faça bom proveito. Até porque, meu pescoço nunca mais será o mesmo.
O fato é que independente do que sobrar de mim, meus resquícios de paixão serão sempre um recado. Uma mensagem para você decifrar o quanto me tem de verdade. Brincos, anéis, pulseiras, minha caneca preferida, uma peça de roupa, um beijo desmemoriado, um abraço pela metade, um tchau pedindo oi, ou um “então tá” (dando de ombros), significando uma lista de desejos que você nunca desvendou.
Souvenirs são parte de mim, parte do que quero deixar para depois voltar. Meu inconsciente querendo permanecer. Me peça para ficar e me leve com você. Ou então aproveite os fragmentos dessa história, sinta meu cheiro em qualquer peça de roupa e perceba o quanto fui intensa quando estivemos juntos.
Via: Crônicas do Chico
Outro dia foi uma echarpe. Roxa, combinando com meu ar de superioridade e minha altura que sempre te assusta. Ficou lá, pois você tomou o lugar dela no meu pescoço. E quando saí deixei a echarpe e um pouco da minha consciência. Não foi o Martini que me deixou assim, foi o álcool da tua saliva, teu toque sinuoso nas minhas coxas, teu cheiro inebriante.
Ali não foi proposital. Não foi um souvenir como um ticket de lembrança pela nossa viagem, que eu espero repetir em breve — inclusive para pararmos numa estação mais distante. Foi um troco. Uns trocados do preço que me custou aquilo que ganhei de ti. Algo maior do que eu esperava, uma garantia que eu buscava, um contrato de vulnerabilidade assinado apenas por mim. Se quiser ficar com a echarpe, faça bom proveito. Até porque, meu pescoço nunca mais será o mesmo.
O fato é que independente do que sobrar de mim, meus resquícios de paixão serão sempre um recado. Uma mensagem para você decifrar o quanto me tem de verdade. Brincos, anéis, pulseiras, minha caneca preferida, uma peça de roupa, um beijo desmemoriado, um abraço pela metade, um tchau pedindo oi, ou um “então tá” (dando de ombros), significando uma lista de desejos que você nunca desvendou.
Souvenirs são parte de mim, parte do que quero deixar para depois voltar. Meu inconsciente querendo permanecer. Me peça para ficar e me leve com você. Ou então aproveite os fragmentos dessa história, sinta meu cheiro em qualquer peça de roupa e perceba o quanto fui intensa quando estivemos juntos.
Souvenirs representam o troféu da despedida. É uma espécie gostosa de Adeus.Por: Chico Garcia
Via: Crônicas do Chico
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