A propósito, deixa eu me apresentar...
Sou uma mulher que sonha como uma garota. O problema é que acabei de completar trinta e oito verões (estou dizendo verões porque não sei se chegarei ao outono). E falando nisso, já faz anos que não me sinto viva, e o mais difícil é esconder a minha inércia, principalmente tratando-se da minha família, pois de forma alguma quero vê-los sofrer. Na verdade, minutos antes, estava trancada em meu quarto, chorando descontroladamente e fixando ainda mais a data que planejei para colocar um fim nessa dor excruciante.
Já faz um pouco mais de dois meses que iniciei um tratamento, onde fui medicada com dois remédios, um deles para que eu consiga dormir, algo que nem sempre dá certo. Penso que isso seja uma pegadinha, apenas para prolongar a dor, e não estou falando da dor física... O que me incomoda é a dor espiritual.
Dias atrás, quando resolvi dar um pulinho na casa da vizinha, para rever uma colega que estava por lá, comecei a sentir o meu coração palpitar de forma descontrolada, além da tremedeira nas mãos e o suor escorrendo pela testa. Tive que explicar a minha condição, algo que a colega e outros poucos presentes compreenderam. Aliás, a colega disse que passou pelo mesmo (tempos atrás), inclusive sendo o receptáculo dos mesmos remédios que eu diariamente tenho que ingerir. Todos tentaram me encorajar com palavras de apoio do tipo: "Você tem que se reerguer"... "Seja forte". Eu até entendo a boa intenção de todos, mas posso dar uma dica... JAMAIS TENTE ENCORAJAR UM PACIENTE COM DIAGNÓSTICO PELA CID-10: F41.2 + F41.1 + F.40.1 + F40.8, POIS ISSO O DEIXA AINDA MAIS APAVORADO.
E quem diria que eu, a garota bonita e comunicativa da balada, a escritora que deu vida a dois enredos (um de forma independente e outro por uma editora canastrona), poderia estar assim, já com a data planejada do seu fim. Mas espere um pouco, não se apavore também, pois esse é apenas o esboço de uma ideia que tive minutos atrás, quando estava num pranto devastador, imaginando quem estaria no meu velório. Foi então que o meu coração palpitou ainda mais, pois se isso vir a acontecer, de forma alguma quero um velório, espero apenas que me incinerem nas brasas do último Adeus.
A acusação ainda é (IM)PROVÁVEL, quem sabe a dor espiritual se torne um lindo enredo — mesmo que fictício —, com um final feliz. Ah, esqueci de me apresentar...
Texto por: Simone Pesci
Já faz um pouco mais de dois meses que iniciei um tratamento, onde fui medicada com dois remédios, um deles para que eu consiga dormir, algo que nem sempre dá certo. Penso que isso seja uma pegadinha, apenas para prolongar a dor, e não estou falando da dor física... O que me incomoda é a dor espiritual.
Dias atrás, quando resolvi dar um pulinho na casa da vizinha, para rever uma colega que estava por lá, comecei a sentir o meu coração palpitar de forma descontrolada, além da tremedeira nas mãos e o suor escorrendo pela testa. Tive que explicar a minha condição, algo que a colega e outros poucos presentes compreenderam. Aliás, a colega disse que passou pelo mesmo (tempos atrás), inclusive sendo o receptáculo dos mesmos remédios que eu diariamente tenho que ingerir. Todos tentaram me encorajar com palavras de apoio do tipo: "Você tem que se reerguer"... "Seja forte". Eu até entendo a boa intenção de todos, mas posso dar uma dica... JAMAIS TENTE ENCORAJAR UM PACIENTE COM DIAGNÓSTICO PELA CID-10: F41.2 + F41.1 + F.40.1 + F40.8, POIS ISSO O DEIXA AINDA MAIS APAVORADO.
E quem diria que eu, a garota bonita e comunicativa da balada, a escritora que deu vida a dois enredos (um de forma independente e outro por uma editora canastrona), poderia estar assim, já com a data planejada do seu fim. Mas espere um pouco, não se apavore também, pois esse é apenas o esboço de uma ideia que tive minutos atrás, quando estava num pranto devastador, imaginando quem estaria no meu velório. Foi então que o meu coração palpitou ainda mais, pois se isso vir a acontecer, de forma alguma quero um velório, espero apenas que me incinerem nas brasas do último Adeus.
A acusação ainda é (IM)PROVÁVEL, quem sabe a dor espiritual se torne um lindo enredo — mesmo que fictício —, com um final feliz. Ah, esqueci de me apresentar...
— Prazer, eu me chamo ESPERANÇA!
Texto por: Simone Pesci
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