18 de mai. de 2017

18 AND LIFE — por Simone Pesci

Dezoito anos foi o meu tempo de vida. Alguns diziam que eu tinha o coração de pedra, mas o fato é que eu dava um duro danado, trabalhando em período integral e tornando-me inacessível. 

 Garoto, cadê a porra do dinheiro?  perguntou o meu pai, em sua transloucada embriaguez. 

Eu não me recordo quando um canivete passou a ser o meu amigo. Creio que de tanto ouvir as duras alocuções de papai, passei acreditar que não tinha serventia  e, por fim, tornei-me um fedelho inoperante. Caminhava diariamente pelas ruas, com o meu inseparável canivete, parecia até mesmo um soldado a lutar contra o mundo. Dinheiro era artigo de luxo, por isso cometia muitos furtos para tê-lo. Em um curto prazo de tempo, a bebida passou a ser o meu prazeroso subterfúgio: a tequila tornara-se as batidas do meu coração; enquanto a gasolina da maldade queimava minhas veias. Isso me dava coragem para prosseguir, mantendo o meu conturbado motor emocional funcionando. 

"Rick é o cara!", todos me ovacionavam. 

Eu era conhecido pelo meu temperamento agressivo, pois amava me aventurar no proibido. Por consequência, acabei flertando com um revólver, além de me casar com a encrenca. 

 Bang Bang, atire neles, a festa nunca acaba…  incentivei para que o meu melhor amigo atirasse num conhecido. 

Uma pequena divergência foi o motivo que me levou a incitar o prelúdio do fim. Todos assustaram-se quando peguei de volta o revólver e comecei a brincar de roleta russa, como se aquela fosse uma brincadeira ingênua e divertida. Desde que a bebida passou a ser parte de mim, deixei de pensar na morte. E, por tal motivo, ela tornara-se uma amiga presente. 

 Acidentes acontecem!  confessei no Tribunal. 

Seis tiros foram disparados ao vento, numa brincadeira maliciosa e triste, levando consigo uma criança, além de condenar um fedelho inoperante ao xadrez. 

Eu matei o meu melhor amigo. 

O meu crime foi ser presenteado com o infortúnio de uma vida indigna, quando a autenticidade dos meus anseios era viver uma vida digna. 

Eu conheci dezoito anos de vida. 

E fui sentenciado a dezoito anos de uma enxovia. 


[Texto de]: Simone Pesci



18 AND LIFE - SKID ROW

Nenhum comentário

Postar um comentário