Ele ainda tinha os seus olhos fixos nos meus, quando respondeu:
— Eu nunca dou pra trás num desafio! Tente me compreender. — disse em tom entristecido.
Percebi a responsabilidade que ele carregava ao ser intitulado como o Rei dos Pegas. Entristeci ao me dar conta que ele agia dessa forma por status.
— Foi burrice, eu sei! — falou ainda com os seus olhos fixos nos meus.
— Espero que você não cometa essa burrice de novo. — supliquei.
Ele desvencilhou o seu olhar, ficando cabisbaixo, num constrangimento visível. Foi quando, segundos depois, envolveu-me num abraço. Eu me sentia como se já o conhecesse por toda uma vida.
— Johnny, por que você faz questão de esconder este seu lado romântico? — sussurrei, com os lábios em seu peito.
— Eu nunca escondi nada, Ana! Apenas não tinha para quem mostrar. Foi quando apareceu você e acendeu em mim tudo o que sempre sonhei ser. — revelou um outro Johnny que eu desconhecia.
— Mas, e a garota loira que você beijou horas atrás, aquela que sempre anda com vocês?
— Em primeiro lugar não fui eu que a beijei... Em segundo lugar, ela é apenas uma amiga. — disse sem vacilar.
— Nota-se a amizade colorida que vocês têm... — bufei.
Ele ergueu a minha cabeça e perguntou:
— Você está com ciúmes, anjo?
Continuei em silêncio. Não tive coragem de dizer que sentia ciúmes de qualquer garota que se aproximasse dele, e ainda mais daquela com a qual ele já tivesse se envolvido.
— Sabe, anjo, sou filho único, perdi o meu pai aos onze anos, e desde então somos só eu e minha mãe. Ela é tudo pra mim! Quanto à garota loira, ela se chama Victória e sim, já tivemos um envolvimento. Mas isso foi no passado. Porém, hoje, não temos mais nada. O meu coração pertence a você. — tocou meu rosto com carinho.
Fiquei comovida e feliz com sua declaração. Ficamos em silêncio por alguns segundos, quando, de repente, fiquei com vontade de questioná-lo sobre outro assunto preocupante:
— Você não tem medo de morrer em um racha?
— Ana, às vezes sinto como se minha vida fosse acabar a qualquer instante, e por isso, não me privo de certos prazeres. É como se eu já soubesse que meus minutos estão contados. Aliás, não vou negar que gosto de sentir a adrenalina que os rachas me proporcionam. É mais forte do que eu! — revelou.
Fiquei por um longo momento fitando os seus lindos olhos azuis, e notei o seu desconforto perante essa questão.
— Você ainda tem muito chão pela frente, Johnny. Mas acredito que deixando de cometer certas loucuras, sua jornada será ainda maior. — disse, tocando o seu rosto.
— Ana, você é o motivo para que eu não faça mais bobeiras. — tocou os meus lábios com o seu polegar.
Um intenso arrepio percorreu o meu corpo. Era como se ele acionasse algo adormecido e que eu desconhecia dentro de mim. Engoli em seco meu nervosismo, por estar de forma tão íntima, ao seu lado, na cama.
— Anjo, eu não posso adiar o amor para o outro século... Você compreende? — fez a pergunta e me deixou confusa.
(Livro: Dezesseis - A Estrada da Morte, Cap.7)
Inspirado na canção “Dezesseis” — da banda brasileira Legião Urbana — este é um enredo de amor recheado com muitas aventuras.
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