27 de out. de 2014

Texto: Agora ou Nunca! (por Simone Pesci)

Quando eu digo que sou movida a música    [...] Eu escuto, eu escrevo! Ps.: Texto sem revisão.

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Eu me deparei com aquilo que tanto evitei escutar (e acreditar)...

— Você tem mais algum tempo de vida. — as palavras fincaram como uma adaga em meu coração.

Olhei incrédula para o doutor que estava a minha frente.

Meus pais ficaram estáticos e ao mesmo tempo petrificados de medo. Eu sabia que aquele prognóstico era um peso para todos...

— O senhor tem certeza do que está dizendo? — perguntei, ansiando outra resposta.

— Infelizmente é o que tenho a lhe dizer, Junyane.

Naquele momento perdi o chão. Percebi que aqueles foram 19 anos mal vividos, as sombras de uma vida sem sentido, desfrutando de uma fortuna que um dia eu herdaria mas que, por um destino cruel, eu teria que usufruir em pouco tempo.

— Quanto tempo ainda tenho?

— Eu não posso lhe dizer ao certo...

— Como não pode? Você é o Doutor...

— Eu sou o Doutor, Junyane... Apenas isso. Se pudesse mudar o seu destino, eu o faria.

Engoli a seco minha paúra. Queria viver uma vida plena, ter um grande amor, casar, ter filhos... Essa era a vida que eu conhecia.

Notei que todos os planos que eu havia feito, não tinham valia.

— Que o senhor não pode mudar o meu destino eu até entendo, mas com certeza pode me dizer quanto tempo eu ainda tenho... — implorei um parecer mais preciso.

Meus pais continuavam estáticos e petrificados de medo, sentados bem ao meu lado. Eu, por minha vez, fechei os olhos e respirei fundo — e, por intermináveis segundos, tive um flash de tudo o que não vivi.

— Mas doutor, deve ter um outro método. Por favor, nos diga que tem um outro método... — mamãe enfim resolveu dizer algo.

— Nós fizemos tudo que estava ao nosso alcance, até mesmo alguns experimentos não convencionais. Mas infelizmente não há mais nada que possa ser feito. — respondeu o doutor com os olhos marejados em lágrimas.

Eu abri meus olhos e avistei o doutor. Em seguida, redirecionei meu olhar para os meus pais e pude sentir a dor cortante pela qual estavam passando, pois era tão intensa quanto a minha.

— Eu não aceito isso!

Todos ficaram em silêncio.

Saber que me restava pouco tempo de vida era dilacerante.

Naquele instante culpei a todos, inclusive a Deus.

— O que o senhor tem a me dizer? Como devo proceder então? — meu desespero apesar de contido, era visível.

— Viva! — respondeu o doutor.

Foi então que percebi que aquilo era a única coisa que poderia ser feito. Não queria esperar “o amanhã”. Precisava do “hoje”.

Por alguns instantes fiquei em estado adormecido, tentando encontrar uma saída...

— Por que esperar mais um dia? — disse em alto e bom som.

— O quê...? — perguntou papai.

— Por que esperar mais um dia? — respondi, encarando a todos.

Percebi que todos entenderam o que eu queria dizer com aquela pergunta, pois aquela seria uma nova caminhada, com um destino incerto.

— Um passo a frente, um passo atrás... Como na música do Van Halen... Right Now. — soltei as palavras novamente em alto e bom som.

Todos continuaram em silêncio, pois sabiam que o meu passo a frente faria toda a diferença. Eu tinha que correr contra o tempo para conseguir igualar o pouco que me restava... Fazendo planos com “o presente”, deixando pra trás “o passado” e não esperando nada “do futuro”.

— Este momento é o meu amanhã... — foram minhas últimas das poucas palavras que doei com empatia.

Levantei da cadeira e antes mesmo de sair porta afora, disse:

— Right Now! É agora ou nunca.

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