Reza a lenda que algum tempo atrás uma certa mulher resolveu que não pegaria mais ninguém. Era nova, tinha lá os seus 25 anos e algumas poucas experiências para contar. Ninguém sabe ao certo quando ela tomou a decisão de não pegar mais ninguém, mas o que se fala é que foi em uma manhã de domingo pós-sábado apocalíptico.
As amigas mais próximas foram as primeiras a estranhar. Ao fazerem o convite semanal parar curtir a night em alguma balada da cidade, receberam como resposta um:
— Não to afim! Não quero pegar ninguém.
Não resignadas com a situação, insistiram no convite, mas agora com uma estética mais agradável:
— Amiga, vamos pra dançar apenas. Disseram elas.
— Não, vou ficar em casa mesmo. Respondeu tranquilamente.
Tudo parecia muito estranho e continuou assim até mesmo quando o ex-namorado dela, sem ter o que fazer e quem pegar, resolveu entrar em contato pelo Whatsapp.
— Oi, tudo bem? Tá de bobeira? Vem assistir um filme aqui em casa. Disse ele esperançoso.
— Não, não quero ficar com ninguém. Respondeu rapidamente.
Que loucura! Ninguém entendia mais nada. Seria depressão? Alguma doença do coração? O que poderia estar passando na cabeça de uma mulher jovem como ela para querer viver assim? Sem pegação. Será que ela iria sobreviver? Na época em que tudo isso aconteceu muitos achavam que ela não duraria muito tempo. Um suicídio ou uma viagem sem volta para os montes tibetanos era o que estava nas mesas de apostas.
O tempo passou e nunca mais se ouviu falar dessa mulher. Uns dizem que morreu de solidão, outros, que por não ter mais quem pegar, foi parar em algum hospício pois ninguém conseguiria aguentar tanto tempo assim sem pegar alguém. Por fim, alguns poucos acreditam que ela esteja bem. Trabalhando, saudável, em paz consigo mesma e com muitos planos de vida. Pode ser que esteja em casa agora, ou no trabalho, mas o certo é que provavelmente esteja terminando de ler esse texto e concluindo que liberdade é ter vontade própria para fazer o que se quer, e não tudo o que dizem que é bom fazer.
Deve estar feliz.
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