Essa é uma frase muito boa e tem tudo a ver com quem tira seu sustento da ficção. Mas não é disso que quero falar. Fiquei pensando: que mentiras escritores contam para si mesmos, principalmente os iniciantes?
Pesquisando por aí, eu descobri que a lista de mentiras é tão imensa que renderia uma série de artigos. Como estou sem saco para planejar algo assim – não esqueça que estou escrevendo aqui só para quebrar o galho do amigo encapuzado –, vou falar daquelas que se destacaram pra mim.
Confira a seguir as 8 mentiras que escritores contam para si – sem nenhuma ordem específica, afinal, eu não sou tão sistemático quanto o chefe.
1 – Escrevo para mim, não para os outros. Todo escritor quer e precisa ser lido. Quem não gosta de se reconhecido, bajulado? Podem falar mal também – críticas ajudam a aprender, a melhorar –, mas falem. O frágil ego de artista aprecia e necessita de audiência. Escrever sem a intenção de comunicar algo para outra pessoa é o mesmo que conversar consigo mesmo: estranho, chato, e pouco proveitoso.
2 – Não ligo para críticas, desde que sejam construtivas. Escritores odeiam ser criticados. Pouco importa se o crítico é leigo (íntimo ou desconhecido) ou profissional, nem mesmo o quão cuidadoso ele seja. Talvez ninguém tome conhecimento desse ódio – e é assim mesmo que deve ser –, mas é impossível não senti-lo. Ninguém gosta de levar puxões de orelha por um trabalho ao qual se dedicou com afinco.
3 – O importante é escrever, publicar é só consequência. A publicação atormenta os pensamentos de todo escritor, ainda mais se ele for iniciante. E não estou falando apenas de livros. Há centenas de sites, fóruns, listas de discussões, revistas e grupos pela Internet abarrotados de textos alheios. O problema é que a grande maioria serve muita coisa crua ou malpassada. Deixem seus textos ao fogo por mais tempo, escritores!
4 – Não invejo o sucesso de outros escritores. Quando um colega fecha seu primeiro contrato com uma editora ou emplaca mais um livro independente de sucesso, a primeira coisa que um escritor faz é encarar o monstro de olhos verdes. Ele pode até ficar feliz pelo outro, mas não consegue evitar um pouco de amargura: “como?”. “Por que não eu, que escrevo tão melhor?”. “Sortudo!”. “Tem as costas quentes!”
5 – Esse curso vai me tornar um escritor! E esse livro, site, vídeo… Leitura e estudo são aspectos fundamentais na formação de um bom escritor. O problema é passar mais tempo aprendendo sobre como escrever do que escrevendo de fato. Conselhos, dicas e técnicas são úteis apenas quando postas à prova. Teoria não produz livros, prática sim.
6 – Vou dar uma espiadinha rápida no Facebook. E no Twitter. Agora o e-mail. Opa, mensagem no WhatsApp. Não existe isso de “espiadinha rápida” nesta era da distração em que vivemos. Minutos se transformam em horas e o que é relevante é trocado por curtidas insignificantes e comentários vazios. Depois não adianta reclamar da correria da vida nem sobre como não sobra tempo para nada.
7 – Ninguém me dá sossego para escrever. Um escritor só é produtivo quando as pessoas de sua vida o deixam em paz. Ele também é mais ansioso, psicopata, viciado em redes sociais e vídeos pornôs. Ei, pelo menos ele será capaz de escrever uma obra-prima sobre as maravilhas de se viver em uma caverna. Má ideia? Então talvez seja melhor viver para incorporar experiências e deixá-las transbordar na escrita.
8 – Não me considero escritor. Escritor não é só alguém que tem livros publicados. Isso é um autor. Ainda assim, há muitos que relutam em aceitar o título – o próprio T. K. é um desses. Humildade é uma característica louvável, mas não exageremos. Alguém que tem o dom de juntar palavras para criar ou contar histórias é, para mim, um escritor. Ponto.
Taí. Essas são algumas das mentiras que mais me incomodaram em minhas pesquisas. Fique à vontade para complementar, condenar ou louvar essa lista nos comentários abaixo. Como? Se já contei algumas dessas mentiras? É claro que não, eu não sou escritor.
E você, quais mentiras costuma contar para si mesmo?
Artigo via: Escriba Encapuzado
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